Isabel Moreira, deputada socialista, entende que a presença de André Ventura, líder do Chega, na manifestação que junta centenas de imigrantes em Lisboa, esta quarta-feira, foi provocatória.
Centenas de imigrantes estão, esta quarta-feira, concentrados em frente à Assembleia da República para exigir direitos e "documentos para todos".
A concentração, promovida pela associação Solidariedade Imigrante, foi marcada para as 14:00 e, pelas 15:00, André Ventura dirigiu-se aos manifestantes, um momento que gerou alguma tensão.
Em declarações à SIC, a deputada do PS, Isabel Moreira, defende que “estas pessoas têm todo o direito” de sair à rua porque a concentração foi previamente autorizada pelas autoridades.
Imigrantes “estão frustrados”
A deputada mostra-se solidária com os imigrantes pois entende que “estão frustrados” por não terem sido “ouvidos” e por as suas audições “terem sido chumbadas”.
“As pessoas, muitas vezes, não estão regularizadas por responsabilidade do Estado, que atrasa, que cria requisitos que não estão na Lei, que é desumano no que diz respeito ao reagrupamento familiar e, portanto, as pessoas, efetivamente, trabalham e querem continuar a trabalhar”, defende.
Isabel Moreira nota ainda a importância dos descontos desta fatia da população para a economia portuguesa antes de lamentar que tenham existido “algumas detenções ilegais” de imigrantes.
Entende também que a presença de André Ventura na manifestação desta quarta-feira foi de caráter “provocatório”:
“Entrar por uma manifestação de imigrantes adentro é uma provocação [...] A provocação mesmo é, num Estado de direito, imigrantes estarem a manifestar-se de forma autorizada em frente à casa da democracia e o tema ser, mais uma vez, a extrema-direita."
"A Lei serve para quem quer cumprir regras"
Quando os manifestantes já estavam a abandonar a zona da Assembleia da República, o líder do Chega apareceu para falar aos jornalistas.
Nessa altura, as pessoas que estavam na manifestação dirigiram-se a André Ventura a gritar palavras como "fascista", "racista" e "Portugal é de quem trabalha".
André Ventura disse então: "Querem regras, a Lei serve para quem quer cumprir regras. A lei visa pôr regras, não vamos desistir".