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Mais sociáveis, mas também mais agressivos: estudo mostra impacto de tirar telemóveis aos alunos

Numa escola onde já foram implementadas restrições ao uso de telemóveis quase metade dos alunos (47%) passaram a socializar mais. No entanto, verificou-se um aumento de comportamentos agressivos em 41% dos jovens. Entre vantagens e desvantagens, a maioria dos alunos, pais e professores defende a continuidade da medida.

Maskot/Getty Imagens

Daniel Pascoal

O ano letivo começa esta quinta-feira com a proibição do uso de telemóveis nas escolas para alunos do 1.º ao 6.º ano. Mas a medida, agora obrigatória, já era uma recomendação e alguns estabelecimentos adotaram-na ao longo do último ano. Foi numa dessas escolas que foi desenvolvido um estudo que traz dados inéditos sobre o impacto da restrição do uso dos smartphones nas escolas.

A investigação do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), em parceria com o Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, envolveu mais de 1.300 participantes, entre alunos, professores e encarregados de educação.

Na componente qualitativa do estudo, que envolveu 448 pessoas, foram identificadas vantagens e desvantagens da restrição do uso de telemóveis nas escolas. Entre os pontos positivos, destaca-se que quase metade dos alunos (47%) passaram a socializar mais. No entanto, verificou-se um aumento de comportamentos agressivos em 41% dos jovens.

A socialização não é a única mais-valia da medida, porque os jovens também mostraram maior envolvimento em atividades ao ar livre (30%) e reduziram o tempo de exposição a ecrãs (23%). Mas há outras desvantagens como o aumento das dificuldades de comunicação entre os alunos (38%) e a menor possibilidade de realizar pesquisas e atividades escolares com o telemóvel (21%).

Pais, alunos e professores aprovam restrições

Entre pontos positivos e negativos, 74,6% dos inquiridos (alunos, pais e professores) concordam com a manutenção da medida de restrição do uso de telemóveis nas escolas.

Os encarregados de educação que discordam da medida alegam, sobretudo, a necessidade de manter contacto com os filhos durante o horário escolar.

Medida deve ter ”avaliação contínua"

A investigação conclui que "jovens com maior dependência do telemóvel apresentam baixo autocontrolo e níveis mais baixos de bem-estar", enquanto "os adolescentes com maior autocontrolo e empatia evidenciam níveis mais elevados de bem-estar, sendo estes fatores associados a comportamentos pró-sociais e a um maior equilíbrio emocional".

"Medidas de regulação externa, como esta, devem ser acompanhadas de uma avaliação contínua da sua eficácia, para garantir que promovem o bem-estar dos alunos e uma relação saudável com a tecnologia", afirma a investigadora Ivone Patrão.

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