Depois das férias, e de baterias carregadas, o regresso ao trabalho transformou-se num pesadelo. As portas da Têxtil Passos, na freguesia do Bonfim, estavam fechadas. Do outro lado, ficaram as trabalhadoras, incrédulas e em choque.
"Fomos sempre diretas com a patroa e ela connosco. Quando havia qualquer problema ou qualquer dúvida conversávamos todas e tentávamos resolver as coisas, mas desta vez não foi assim (...) ela fechou a porta sem dizer nada a ninguém", explicou Maria Luísa Santos, trabalhadora da empresa têxtil.
"Para mim, é uma frustração. Conheço estas pessoas há mais de 30 anos e o lema deles era: ‘um dia que sentissem a empresa a afundar, tinham uma conversa connosco’,” acrescentou a funcionária Júlia Amaral.
Magoadas pela falta de consideração, 30 mulheres que, até há poucas semanas, mantinham viva a rotina da fábrica, ficam agora sem rumo. O subsídio de férias não foi pago e o salário de agosto também não.
"As pessoas estão numa dificuldade tremenda", garantiu a funcionária Isabel Mota.
"Já não houve dinheiro em agosto e agora este mês já estamos a ver que também não vamos ter", acrescentou Isabel Ferreira, também trabalhadora.
Entre a incerteza e a revolta, as funcionárias garantem que não houve quebras na produção e esperam por soluções que tardam.
A SIC pediu esclarecimentos à direção da Têxtil Passos, mas não obteve resposta.