A promessa foi feita há um ano, mas a ministra da Saúde não conseguiu cumprir. As urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria continuam a fechar e por aqui noticiamos mais partos a acontecer fora dos hospitais. A polémica mais recente envolve uma proposta para reduzir a dependência dos chamados tarefeiros. Os médicos que não queiram ficar no público vão ser penalizados.
De calções na praia num dia quente de Agosto, Marcelo Rebelo de Sousa pôs um prazo à ministra Ana Paula Martins.
"Vamos esperar por setembro, outubro."
Recado breve quando questionado sobre os problemas nas urgências.
Há um ano, ouviu a ministra pedir tempo para resolver a falta de médicos para preencher as escalas.
O verão de 2025 trouxe, na mesma, urgências fechadas de ginecologia, obstetrícia e pediatria. Houve mais partos em ambulâncias ou fora do domicílio - este ano, até meados de agosto, foram 56. Um até aconteceu em plena via pública, no Carregado, depois da linha SNS 24 ter recomendado à grávida usar a própria viatura para ir para o hospital.
Com o plano de transformação e emergência em saúde em curso, com 20 medidas por cumprir, Ana Paula Martins prometeu, neste segundo mandato, não fugir às responsabilidades no caso das mortes em dias de greve do INEM. As investigações a 11 das 12 mortes estão concluídas. Em dois casos, a IGAS concluiu que o atraso no socorro pode ter contribuído.
A continuidade da ministra foi questionada pela oposição e por alguns sindicatos, sobretudo dos médicos, esses que agora vão agora ser chamados para debater a mais recente proposta para reduzir a dependência dos chamados tarefeiros, um gasto que ultrapassa os 200 milhões de euros.
A ideia do Governo é obrigar os médicos a escolher: ou assinam contrato com o SNS ou deixam de poder trabalhar como prestadores de serviço.
O novo regime afeta recém especialistas que tenham conseguido uma vaga através do concurso, mas também médicos que tenham saído do serviço público nos últimos três anos.