Cláudia Matos tem um filho de seis anos que, há dois, deixou a creche da Casa do Povo de Rabo de peixe, nos Açores. Depois de ver as imagens das agressões que crianças que frequentam a instituição sofreram, o menino acabou por contar à mãe a violência a que foi sujeito enquanto frequentou o estabelecimento de ensino.
Em declarações à SIC, Cláudia Matos relata que, na época em que o filho estava inscrito na instituição, a criança “só chorava” quando chegava de manhã.
“Eram gritos constantes, toda a gente via e ouvia. Para mim era uma birra”, confessa.
Admite que chegou a ligar para a escola durante o dia para saber se o filho “estava mais calmo” e que as funcionárias confirmaram sempre que sim e que tudo não passava de “uma birra”.
“Quando me ia embora ele ia para o tapete para onde todas as crianças vão e houve uma funcionária que lhe deu pontapés na cabeça e o atirou para um quarto”, conta à SIC.
A progenitora explica que as agressões só foram denunciadas pela instituição porque “entrou uma nova direção e uma nova educadora, que começou a notar coisas estranhas”.
“Enquanto esteve a antiga direção elas [as funcionárias] podiam fazer o que queriam”, acrescenta.
Desde que as mais recentes imagens foram divulgadas, admite que nunca mais viu as envolvidas. “Acho que se isolaram”, completa.
Agora, Cláudia Matos acredita que mais alunos e ex-alunos irão denunciar situações de violência a que foram submetidos:
“Acredito que, a partir de agora, seja um puzzle que se vai começar a montar.”
Câmaras 'apanharam' funcionárias
Em março, alguns pais queixaram-se e motivaram o presidente da Casa do Povo de Rabo de Peixe a instalar câmaras de vigilância na creche.
Bastaram três dias de filmagens para que se confirmasse as suspeitas dos pais.
Imagens captadas, e que podem ferir a suscetibilidade de leitores mais sensíveis, levaram a instituição a apresentar uma queixa-crime no tribunal de Ponta Delgada e a suspender as funcionárias.
Registaram empurrões, puxões de cabelo e tentativas de forçar as crianças a comer através de cabos de talheres.
As vítimas são crianças com idades entre um ano e meio e os três anos.
O Ministério Público abriu um inquérito e em maio ordenou que as funcionárias fossem readmitidas, sob vigilância. O caso está em segredo de justiça e o Ministério Público continua a investigar.