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Ministério da Saúde nega responsabilidades no caso do doente que levou cinco horas a ser transferido de hospital

Um homem de 49 anos deu entrada no Hospital da Covilhã, com um traumatismo craniano. Só cinco horas depois chegaria ao Hospital de Coimbra, para onde foi transferido. Tudo porque só havia um helicóptero da Força Aérea disponível para fazer o transporte – e essa aeronave não consegue aterrar nos heliportos dos hospitais.

Marta Tuna

Ricardo Piano

O Ministério da Saúde descarta responsabilidades no caso do doente grave que esperou mais de cinco horas para ser transferido de helicóptero da Covilhã para Coimbra. A tutela afirma que as explicações devem ser dadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), mas a direção não comenta. Já o sindicato diz que a responsabilidade é do ministério e do hospital de origem.

O atraso no socorro foi provocado pela falta de helicópteros do INEM, o que obrigou a usar um aparelho da força aérea. E o percurso de mais de cinco horas feito pela vítima é quase tão complexo como a teia de responsabilidades que envolve este caso

No sábado, o homem de 49 anos deu entrada no Hospital da Covilhã, com um traumatismo craniano. Dada a gravidade do caso, ficou decidido, por volta das 20h00, que teria de ser levado para Coimbra.

O único helicóptero disponível no país para o transporte noturno era o da Força Aérea - demasiado grande para recolher e aterrar nos heliportos dos hospitais.

O doente foi, por isso, de ambulância do Hospital da Covilhã ao aeródromo de Castelo Branco. Daí seguiu de helicóptero para o aeródromo de Cernache do Bonjardim. E só depois foi transportado, novamente de ambulância, até ao Hospital de Coimbra, onde deu entradajá passava da 1h00.

Se o serviço de helicópteros de emergência médica estivesse operacional, o percurso demorava um terço do tempo que levou.

Um passar de responsabilidades

Em entrevista a CNN, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) responsabilizou o INEM e garantiu que a transferência hospitalar não é responsabilidade da Direção Executiva.

Em resposta à SIC, o Ministério da Saúde remete o pedido de esclarecimentos sobre o caso para o INEM e a Força Aérea. Mas o sindicato tem uma opinião diferente.

“Uma vez que colocou todos os meios disponíveis ao dispor da ocorrência, não vejo que responsabilidade possa ser atribuída ao INEM. Já ao próprio Governo, ao Ministério da Saúde, sim”, declara Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar.

“O transporte inter-hospitalar continua ainda por implementar conforme foi definido pela Direção Executiva [do SNS]. Continuam a ser consumidas diariamente ambulâncias que deviam estar a prestar assistência aos cidadãos, nos locais das ocorrências (...), e que estão a fazer transporte entre hospitais, cuja responsabilidade deveria ser dos hospitais”, defende Rui Lázaro.

Questionado pela SIC, o INEM recusa-se, para já, a comentar o caso.

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