Terão passado cinco horas desde o pedido de ajuda até à chegada aos cuidados de saúde, no caso da grávida do Barreiro quer perdeu o bebé. A mulher foi encaminhada, na madrugada desta quinta-feira, para o Hospital de Cascais, a uma hora de distância, porque as três urgências de Obstetrícia da Margem Sul do Tejo estavam fechadas. A ministra da Saúde afirma que não houve falhas no atendimento.
A mulher estava grávida de 31 semanas quando se sentiu mal. Terá ligado por volta das 23h00 para uma linha de saúde, mas não foi atendida. Decidiu então telefonar para o 112. À 1h30, o INEM recebeu o contacto e encaminhou o caso para o SNS24.
Dezassete minutos depois, a mulher de 38 anos ligou mais uma vez para o INEM, altura em que os bombeiros do Barreiro foram acionados para prestar socorro.
Durante cerca de uma hora, o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODEU) tentou encontrar um serviço de urgências de obstetrícia a funcionar nos hospitais mais próximos - Barreiro, Setúbal e Almada -, mas nenhum tinha as portas abertas.
Entretanto, a equipa de bombeiros alertou para uma hemorragia e foi acionada uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação para transportar a utente até ao Hospital de Cascais, a uma distância de cerca de 60 quilómetros - uma hora de viagem.
Ao que a SIC apurou, a grávida deu entrada às 3h59. O Hospital de Cascais esclarece que o bebé já se encontrava sem vida.
Ministra diz que não houve falhas
A ministra da Saúde não encontra falhas nos serviços prestados.
“Não houve uma deficiência, nem no atendimento, nem na classificação, nem no encaminhamento, nem na chegada ao local – que era, de facto, o hospital que tinha, naquele momento, as condições (...) para poder receber esta senhora”, defendeu.
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares considera urgente uma ação do Governo.
“Esta incerteza na resposta cria condições para que este tipo de casos aconteça. Temos de rapidamente estabilizar a resposta”, apela Xavier Barreto, presidente da associação.
"Para que serve a Direção da Executiva do SNS?"
Já a Ordem dos Médicos questiona a eficácia da Direção da Executiva do Serviço Nacional de Saúde neste caso.
“Afinal, para que é que serve a Direção da Executiva do SNS?”, questiona o bastonário Carlos Cortes. “Era um elemento importante precisamente para a coordenação entre hospitais – e isso não está a acontecer.”
A mulher continua internada, a receber cuidados médicos.
Há menos de duas semanas, outra mãe da zona daMargem Sul, na Área Metropolitana de Lisboa, perdeu o bebé depois de ter passado pelas urgências de cinco hospitais.