País

Anjos vs. Joana Marques: na Justiça o humor tem limites?

Os cantores Nelson e Sérgio Rosado alegam danos pessoais e profissionais, incluindo o cancelamento de concertos, por conta de um vídeo humorístico que visava a dupla partilhado nas redes sociais pela humorista Joana Marques.

Tiago Monteiro

António Cunha

Pedro Cardoso

Rui Félix

Pela primeira vez, uma humorista portuguesa está em risco de ter de pagar um milhão de euros por uma piada. Esta semana, começou o julgamento que opõe os Anjos a Joana Marques, uma polémica que voltou a reacender o debate sobre os limites do humor. 

Costuma dizer-se que o humor não tem limites. Por isso, a SIC falou com alguns humoristas para saber se existem linhas vermelhas ou se recusam traçá-las. 

“Se existe, eu gostava que alguém me indicasse quais são. Que me dissesse ‘sobre este tema não se pode fazer’, como é óbvio, e arranjar um critério justificativo disso. Normalmente o critério é ‘sobre este tema não porque é sagrado’”, considera Ricardo Araújo Pereira. 

E na Justiça, o humor tem limites? 

“Depende muito de cada circunstância em concreto, a resposta direta é não existem limites para o humor. E a Lei prevê uma liberdade de expressão ampla para os humoristas. De todo o modo, a Lei também não ignora consequências que venham de determinadas condutas”, explica à SIC o advogado Jorge Ribeiro Mendonça. 

Léo Lins, um humorista brasileiro, foi condenado a oito anos e três meses de prisão e a uma multa de mais de um milhão de euros. Em causa estão piadas consideradas preconceituosas feitas num espetáculo de humor. 

Quando o vídeo foi retirado do Youtube, em maio de 2023, já tinha mais de três milhões de visualizações. O humorista disse que estavam a igualar a "expressão artística a um ato criminoso". 

Anjos vs. Joana Marques

Também em Portugal, a Justiça está a ser chamada a intervir na polémica que envolve os Anjos e a humorista Joana Marques, um julgamento que arrancou esta semana. 

Os cantores Nelson e Sérgio Rosado alegam danos pessoais e profissionais, incluindo o cancelamento de concertos, por conta de um vídeo humorístico que visava a dupla de artistas partilhado por Joana Marques nas redes sociais.

A Constituição estabelece que todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o que pensam pela palavra, pela imagem ou qualquer outro meio e que não pode haver censura.  

Mas avisa, também, que, se houver infrações no exercício deste direito, pode haver consequências legais. Nesse caso, são os tribunais que decidem. 

O tema não é unânime e, no meio do debate, os humoristas continuam a ter liberdade para fazer o que sempre fizeram: subir ao palco a dizerem o que pensam e esperar que, no fim, o público se ria. 

Últimas