José Luís Carneiro rejeita, para já, avançar com a comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spinumviva. O candidato à liderança do Partido Socialista (PS) defende que o assunto deve ser deixado para a Justiça. Quanto a uma eventual revisão constitucional, considera que os socialistas têm de ser parceiros de diálogo da AD.
Em declarações aos jornalistas, esta tarde, em Lisboa, José Luís Carneiro começou por afirmar que o PS não pode abdicar dos instrumentos de escrutínio da ação do governo, como são as comissões de inquérito. No entanto, defende que é “sensato” deixar que o caso da empresa familiar do primeiro-ministro seja tratado pela Justiça.
“É público que a Procuradoria-Geral da República tem em curso uma averiguação para procurar esclarecer as dúvidas que ainda prevalecem sobre esses assuntos. Deixemos que o assunto seja tratado pela Justiça”, defendeu, esta tarde, o candidato a secretário-geral do PS.
Para José Luís Carneiro, é isso que é “adequado”, “razoável” e “sensato”, à luz das informações atuais. Uma posição que contraria a do anterior líder socialista, Pedro Nuno Santos, que pretendia avançar com uma comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spniumviva.
Questionado sobre se esta será a postura a adotar, mesmo que surjam novos elementos relativos ao caso, José Luís Carneiro sublinha que “a decisão não é única do secretário-geral”.
“Qualquer pronúncia minha seria estar a substituir-me aos órgãos que constituem este partido democrático”, como a comissão nacional e bancada parlamentar, apontou.
AD tem de ter PS como parceiro para revisão da Constituição
Em relação a uma eventual revisão da Constituição, que tanto a Iniciativa Liberal como o Chega já anunciaram querer fazer – e para a qual a direita tem agora a maioria parlamentar necessária -, José Luís Carneiro admite que “não depende da vontade do PS”.
Ainda assim, sublinha que, se esta ideia avançar, “o PS deve colocar condições”.
“Uma das condições é que o governo da AD estabeleça como seu parceiro de diálogo nas questões de regime o PS”, defende José Luís Carneiro.
Para o candidato à liderança socialista, “é impensável que se utilizem vias que podem colocar em causa” a Constituição, um documento que lembra, é “fundador” das "liberdades e garantias fundamentais” no país.
José Luís Carneiro é, até ao momento, o único candidato à liderança do PS, após a demissão de Pedro Nuno Santos, na sequência da derrota eleitoral do partido nas legislativas. As candidaturas estão, no entanto, ainda abertas até 12 de junho. As eleições internas no partido acontecem a 27 e 28 de junho.