Carlos Carmo, ex-coordenador da Polícia Judiciária, explica que teve de haver "indícios fortes" de crime para haver buscas domiciliárias. Na SIC Notícias, analisou as suspeitas sob o cantor Nininho Vaz Maia, esta terça-feira constituído arguido devido a suspeitas de branqueamento de capitais e tráfico de droga.
O ex-coordenador da PJ explica que a situação é "bastante grave" e que o crime de tráfico de droga corresponde a uma pena "elevada", de 4 a 12 anos de prisão, assim como o crime de branqueamento de capitais.
Para o juiz emitir de mandados de buscas são necessários "indícios fortes" da prática de crimes. Antes da operação desta terça-feira de manhã, terá havido uma investigação prévia para comprovar que "houve crime, quem são os envolvidos e as responsabilidades de cada um", acrescenta.
"Entrar no domicílio de uma pessoa é uma ação grave", afirma.
O cantor Nininho Vaz Maia foi constituído arguido depois de a sua casa ter sido alvo de buscas pela PJ, esta terça-feira, no âmbito da operação SKYS4ALL, que visa o combate ao tráfico de droga. É um dos visados da operação da PJ, que realizou 33 buscas domiciliárias e não domiciliáriasna Grande Lisboa.
Duas pessoas foram detidas e, além do cantor, outras duas foram constituídas arguidas, por suspeitas da prática dos crimes de tráfico de estupefacientes e de substâncias e métodos proibidos.
Carlos Carmo destaca que é preciso esclarecer se Nininho Vaz Maia está envolvido e de que forma. "Tem rendimentos legais, mas no meio desses rendimentos pode haver um complemento que vem destes crimes", sugere.
O ex-coordenador da Polícia Judiciária considera que se se comprovarem os crimes será uma "grande desilusão".
"Eu encarava [Nininho Vaz Maia] como alguém que tinha conseguido sair dos meios mais difíceis, fazer o seu trabalho e ser um exemplo", confessa.
Branqueamento de capitais: o que é?
Na SIC Notícias, Carlos Carmo explica que o branqueamento de capitias, uma das suspeitas que recai sobre o artista, é "tornar licito aquilo que é ilícito". Na origem há "dinheiro que é fruto da prática de um crime, neste caso, de tráfico de estupefacientes".
"Há uma tentativa de colocação no sistema financeiro, circulação desse dinheiro e integração no património", acrescenta.
Para isso, esse dinheiro - sujo que depois fica "lavado se não for detetado" - é "escondido e reciclado" e entra na "esfera patrimonial dos arguidos".