O apagão elétrico que ocorreu esta segunda-feira aconteceu num momento em que Portugal estava a importar eletricidade de Espanha. A dependência energética do país vizinho tem sido alvo de críticas, mas a REN garante que Portugal é autossuficiente e defende que a interligação com Espanha é uma questão estratégica.
Portugal tem atingido recordes históricos na produção de energia renovável — tanta, que por vezes é necessário travar essa produção. Foi o que aconteceu, por exemplo, no último fim de semana de março, como noticiou o Expresso: houve mais produção do que procura.
Portugal e Espanha partilham características semelhantes no que toca ao vento e à exposição solar. Numa conjuntura de preços baixos, acaba por ser mais vantajoso importar eletricidade de Espanha do que produzi-la internamente.
No momento do apagão, Portugal estava a importar cerca de 33% da eletricidade consumida. Esta dependência, no entanto, revelou-se arriscada: o colapso em Espanha afetou diretamente o território nacional.
O restabelecimento da rede elétrica portuguesa ficou a depender de apenas duas infraestruturas: a central hidroelétrica de Castelo de Bode e a central a gás da Tapada do Outeiro. São as únicas no país equipadas com sistemas de arranque autónomo, capazes de funcionar mesmo com toda a rede desligada.
Há especialistas que defendem o investimento em mais interligações com outros países europeus, para garantir maior resiliência em situações como esta. No entanto, foi precisamente por causa da interligação com Espanha que o apagão acabou por atingir Portugal, deixando o país sem luz durante várias horas.