O Governo vai criar uma comissão independente para avaliar as causas e consequências do apagão elétrico ocorrido na segunda-feira. Após a reunião do Conselho de Ministros, realizada na tarde desta terça-feira, foi também anunciado que Bruxelas avançará com uma auditoria independente.
A quebra abrupta no fornecimento de eletricidade teve origem em Espanha e, até ao momento, ainda ninguém explicou ao certo o que aconteceu. Para já, as autoridades espanholas afastam a hipótese de um ataque cibernético.
Em apenas cinco segundos, pouco antes do apagão, desapareceram da rede espanhola cerca de 60% da eletricidade — o equivalente a 15 mil megawatts que se evaporaram. Esse valor representa uma vez e meia o pico máximo de consumo registado em Portugal.
Esta é, para já, uma das poucas certezas. Apesar de ainda não se conhecerem as causas exatas da falha, o incidente é já considerado um evento raro, único e excecional. O sistema elétrico espanhol colapsou após fortes oscilações de tensão.
Segundo os especialistas, ao contrário de outros tipos de energia, a eletricidade tem de ser consumida no momento exato em que é produzida. Por isso, exige-se um equilíbrio constante entre produção e consumo.
No caso de segunda-feira, a produção caiu repentinamente, sem que o consumo acompanhasse essa descida, gerando um desequilíbrio grave. Como mecanismo de proteção, o sistema desligou-se automaticamente.
Energia verde sob pressão
Os responsáveis da rede elétrica espanhola já tinham alertado, há dois meses, para o risco de situações como esta, devido à presença excessiva de energias renováveis nas redes.
A comissão independente agora criada integrará especialistas nas áreas da energia, redes e sistemas de comunicações, proteção civil e saúde. O Governo, através do Conselho de Ministros, decidiu igualmente solicitar à Comissão Europeia a realização de uma auditoria independente.
O primeiro-ministro garantiu ainda que este problema não tem qualquer relação com a capacidade de produção de energia em Portugal.