Portugal tem desinvestido na área da proteção social de pessoas com deficiência. O relatório apresentado esta quinta-feira revela que as famílias de pessoas com deficiência enfrentam o dobro dos riscos de pobreza e exclusão social em relação ao resto da população.
“Verificamos ainda grandes disparidades que não se têm vindo a atenuar, pelo contrário. Por exemplo, a taxa de pobreza ou exclusão social aumentou para pessoas com deficiência mais severa no último ano”, disse à SIC Paula Campos Pinto, coordenadora do Observatório de Deficiência e Direitos Humanos.
Apesar de melhorias em relação a 2021, a taxa de desemprego de pessoas com deficiência em 2022 foi de 14,7%, mais elevada do que entre as pessoas sem deficiência, que foi de 9,1%.
A taxa de abandono escolar precoce, entre jovens dos 18 e os 24 anos, foi de 21,4%. Em comparação, nos alunos sem deficiência foi de 5,9%.
A coordenadora deste relatório espera que com estes dados o Governo tome medidas, nomeadamente na promoção da autonomia destas pessoas.
Miguel Azevedo, do Movimento Cidadão Diferente, não ficou surpreendido com o relatório e espera respostas dos decisores políticos.
“Este relatório já vem, durante alguns anos, a apontar este caminho e o que temos observado todos os anos é que as condições de vida de pessoas com deficiência tem piorado de ano para ano.”
A secretária de Estado da Inclusão assume que os processos devem ser mais céleres e garante que o investimento nesta área tem de ser uma prioridade do Governo.