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Madeira teve 3 eleições em 1 ano e meio, mas crise política começou quando 300 inspetores da PJ aterraram no Funchal

Janeiro de 2024. Dois aviões da Força Aérea aterraram no Funchal, com 300 inspetores da Polícia Judiciária, procuradores do Ministerio Público, juízes e outros técnicos a bordo. O grupo foi recolher provas que alimentavam uma suspeita que envolvia o Governo regional.

Pedro Coelho

Jorge Costa

A Madeira teve três eleições para a assembleia regional em apenas um ano e meio. Estas terceiras eleições realizam-se na sequência da moção de censura do Chega, apresentada a 17 de dezembro de 2024. A oposição acompanhou o Chega em bloco e o Parlamento foi dissolvido. Mas a crise política madeirense começou, verdadeiramente, quando dois aviões da Força Aérea portuguesa aterraram no Funchal, em janeiro de 2024, com 300 inspetores da Polícia Judiciária a bordo.

A Madeira está há ano e meio a viver uma sucessão de inéditos.

A 25 de janeiro de 2024 a PJ e o Ministério Publico terão querido ser discretos, mas o aeroporto Cristiano Ronaldo estava a abarrotar de jornalistas quando dois aviões da Força Aérea aterraram com 270 inspetores da PJ, procuradores do Ministério Público, juízes e outros técnicos.

Numa mega operação, o amplo grupo foi recolher provas que alimentavam uma suspeita: o presidente da Câmara do Funchal, dois empresários de construção civil e o próprio presidente do governo regional eram suspeitos de facilitarem e favorecerem a maior empresa de construção civil do arquipélago em negócios a envolverem o governo regional.

Na sequência deste aparato, a deputada do PAN, partido que suportava à pele a maioria que aguentava o Governo liderado por Miguel Albuquerque, decidiu retirar a confiança política ao líder do Executivo.

Dois dias depois de ter dito que estava para ficar, Albuquerque engoliu um sapo e anunciou a saída de cena.

Segundas eleições

A 26 de maio de 2024, a Madeira teve as segundas eleições, nove meses depois das que tinham reelegido Miguel Albuquerque sem maioria.

Nestas segundas, o PSD perdeu dois mandatos, mas voltou a ganhar. Desta vez, foi o Chega a dar-lhe a mão. Mas durou pouco o apoio da extrema-direita.

Seis meses depois da posse, a 17 de dezembro de 2024, a oposição, em bloco, aprovou uma moção de censura apresentada pelo Chega.

Marcelo Rebelo de Sousa foi de novo chamado a intervir. Recebeu os partidos com assento no parlamento regional a 7 de janeiro de 2025. Todos lhe pediram o mesmo: novas eleições, tão rápido quanto possível.

Miguel Albuquerque era contestado por toda a oposição no continente e no arquipélago, mas, no dia em que foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, Albuquerque levou na bagagem um trunfo: o PSD nacional.

10 dias depois, a 17 de janeiro de 2025, o presidente convocou o Conselho de Estado e, numa das mais rápidas reuniões de sempre dos conselheiros do presidente, Marcelo Rebelo de Sousa marcou para 23 de março as terceiras eleições em ano e meio.

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