A população de uma freguesia de Espinho foi surpreendida este fim de semana com o que parece ser o início do processo de expropriações para a construção da linha de alta velocidade ferroviária entre o Porto e Lisboa.
Dizem que habitações que estavam salvaguardadas estão agora em risco de ser demolidas. Temem estar a ser prejudicados para poupar uma quinta que é propriedade de um sobrinho do dono do grupo Violas.
Em entrevista à SIC Notícias, Miguel Pinto Luz garante que não houve “nenhuma alteração” ao traçado e lembrou que o primeiro troço até foi decidido pelo anterior Governo.
“Trata-se de um concurso lançado pelo anterior Governo, que eu já reputei por ter sido bem desenhado”, diz.
O ministro das Infraestruturas informa ainda que o anterior Executivo definiu uma faixa de 400 metros ao longo de todo o percurso onde a linha poderia passar, estando nas mãos do vencedor do concurso “otimizar a rota”.
“Não cabe nem ao Ministério nem à IP definir o traçado. Desconhecemos em absoluto o que foi hoje noticiado”, garante, referindo-se a uma notícia do jornal Público que dá conta de uma alegada alteração ao desenho.
Sobre as eventuais expropriações, Pinto Luz diz que cabe à IP liderar o processo de averiguação, mas manifesta estranheza por terem sido dadas “garantias” quando, afinal, a linha passa por cima de algumas casas.
“Essas pessoas têm que ser esclarecidas, vão ser sacrificadas pelo interesse nacional, mas importa perceber as expectativas geradas e o que agora está a acontecer.”
Crise política: “A AD não quer eleições, quer governar”
Questionado sobre a crise política e as declarações do ministro Castro Almeida, que admitiu que o Governo poderia retirar a moção de confiança se o PS recuasse na comissão de inquérito, Miguel Pinto Luz disse que a CPI não passa de uma questão “lateral”.
“Pedro Nuno Santos já deixou claro que com queda de Governo ou sem, há CPI. O PSD nunca teve problema com isso, não há nada a esconder”, garantiu.
O ministro voltou a sublinhar a ideia de que não há “outra solução” senão a moção de confiança, mas esclareceu que o Governo não tem qualquer intenção de ir a eleições.
Saiu ainda em defesa de Luís Montenegro, afirmando que o primeiro-ministro tem sido “absolutamente transparente” e que “tem tanta certeza da legalidade absoluta de tudo o que fez que nunca pensou que esta onda fosse tão grande”.