A Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) propôs à ULS do Algarve uma suspensão de 40 dias a um dos cirurgiões do Hospital de Faro que foi denunciado em 2023 por Diana Carvalho Pereira, então médica interna.
De acordo com o jornal Público, está em causa precisamente a denúncia da interna de cirurgia geral que tornou públicos 11 casos - que incluíam três mortes - de alegados erros médicos e negligência. Esta levou o Ministério Público a abrir em abril desse ano um inquérito aos alegados erros no Hospital de Faro.
A suspensão do cirurgião engloba perda de salário e antiguidade.
A interna reagiu à decisão do IGAS afirmando que “este país não é para justos nem para corajosos", mas sim para "quem alinha em ir com o rebanho”. Na sua perspetiva, a decisão não reflete o sofrimento dos doentes envolvidos.
Segundo uma publicação da médica, a IGAS concluiu que o cirurgião, que foi seu orientador em cirurgia geral, violou os deveres deontológicos e de boas práticas clínicas.
Nas conclusões do IGAS, partilhadas por Diana Pereira, dá-se como "procedente e provada contra o arguido a nota de culpa" pela prática de "infrações disciplinares por violação dos deveres" aos doentes.
Interna fez queixa à Polícia Judiciária
Em causa está uma queixa efetuada por Diana Pereira Carvalho na Polícia Judiciária (PJ) que foi, posteriormente, divulgada na rede social Twitter sobre "11 casos ocorridos entre janeiro e março" no hospital de Faro de "erro/negligência" no serviço de cirurgia.
Segundo a médica, dos 11 doentes, "três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida".
Em conferência de imprensa na altura em que o queixa se tornou pública, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, adiantou que o caso tinha de ser avaliado de forma mais aprofundada, porque havia "indícios de alguma gravidade".
Em comunicado enviado à Lusa, o Ministério da Saúde garantia que não tinha recebido nenhuma denúncia de alegadas más práticas no Centro Hospitalar Universitário de Faro (CHUA).
Mas, perante a denúncia, o "ministro da Saúde definiu como orientação ao Conselho de Administração do CHUA a solicitação à OM da realização de uma avaliação pericial sobre a qualidade do serviço de cirurgia do Hospital de Faro".