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Viver em casas sobrelotadas sem condições mínimas: esquema ilegal tem causado alarme no Porto

Centenas de imigrantes vivem em condições miseráveis na cidade do Porto. Muitos partilham casas sobrelotadas, num esquema ilegal que tem causado alarme em vários bairros.

Kathleen Araújo

José Vaio

Lúcia Amorim

Viver sem condições mínimas de habitabilidade tornou-se uma realidade para muitos. Esta manhã, a SIC visitou algumas moradas suspeitas de estarem envolvidas nestes esquemas.

Um imigrante, que chegou há seis meses de um país africano à procura de uma vida melhor, partilha agora uma casa no Porto, mas admite que as condições estão longe do que esperava.

"Não vivo do jeito que eu queria. Não era assim que eu queria, porque mesmo na terra não é assim que eu vivo", afirma.

Habituado a ter um quarto só para si, agora divide o espaço com duas ou três pessoas.

"É um pouco complicado", confessa.

A sobrelotação chega a extremos. Para uma única morada com três quartos, existem 19 atestados de residência.

"Neste apartamento estão lá cinco pessoas", confirma outro imigrante.

O esquema é simples: muitas vezes, os imigrantes permanecem apenas um mês numa morada, sendo depois substituídos por outros. Noutros casos, há uma rotação a cada 15 dias.

O presidente da União de Freguesias do centro histórico do Porto não tem dúvidas de que se trata de um negócio indigno que se arrasta há demasiado tempo na cidade. Um dos casos mais flagrantes é o de um edifício onde já foram passados 154 atestados de residência para a mesma morada.

A população também tem vindo a notar movimentações suspeitas. Numa outra rua do Porto, uma residente descreve a presença frequente de um carro parado, onde são trocados documentos entre diferentes pessoas.

"Geralmente da parte da tarde, há sempre um carro suspeito a partir das 19:30 e 20:00, parado à porta. A pessoa que entrega os papéis é sempre a mesma, mas quem os recebe é sempre diferente", relata.

Os indivíduos, segundo a testemunha, não falam português e aparentam ser de origem magrebina. O ambiente tem vindo a gerar um crescente sentimento de insegurança.

"As pessoas sentem-se mal, sentem-se inseguras, já houve aqui uma vez uma confusão à porta. Tentaram andar à porrada mais do que uma vez", conta outro morador.

O movimento suspeito, garante, dura há pelo menos um ano e meio ou dois.

Desde janeiro deste ano, a Junta de Freguesia já passou mais de 800 atestados de residência e tem cada vez mais suspeitas de esquemas ilegais, que acabam por ser encaminhados para as autoridades competentes.

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