A imobiliária da família de Luís Montenegro continua a ser alvo de polémica. Ora se é casado em comunhão de adquiridos com a principal sócia da empresa, isso significa que poderá estar em causa uma situação de possível conflito de interesses. Para o conselheiro de Estado António Lobo Xavier, esta é uma "história que não está a correr bem", porque o primeiro-ministro "não pode livrar-se dessa posição simplesmente doando à mulher".
"Se é casado em comunhão de adquiridos e tem uma quota de uma sociedade, não pode livrar-se dessa posição simplesmente doando à mulher e, portanto, não tem nenhum efeito. Até sem ouvir as explicações dele, essa é a parte que mais me intriga", apontou, em entrevista à SIC Notícias, António Lobo Xavier, que considera ser uma situação "embaraçosa" para Montenegro.
"Isto foi um erro e só há uma coisa a fazer"
Apesar do primeiro-ministro ser uma pessoa "inteligente" e "preparada", pensou que "este assunto passaria rapidamente", mas como não foi isso que aconteceu, só há uma forma disto ficar resolvido: "se as coisas se confirmam nos termos em que estão conhecidas, deve pedir desculpa e eliminar completamente as relações com essa sociedade", salientou o conselheiro de Estado.
"Montenegro vai ter de explicar por que razão imagina que é possível sair de uma sociedade doando à mulher com quem é casado em comunhão de adquiridos. Ele já podia ter resolvido isto. Suponho que a razão será benigna, mas estas coisas resolvem-se cedo e não tarde", disse ainda.
António Lobo Xavier não tem dúvidas que mudar o objeto da sociedade depois de ser primeiro-ministro "é um erro", mas "talvez seja o primeiro na sua atuação". No entanto, este caso "não é comparável ao de Hernâni Dias".
Governo de Luís Montenegro? "Nota 16"
Passados 10 meses da governação de Luís Montenegro, António Lobo Xavier expressou uma avaliação positiva, destacando a estabilidade e sobrevivência do Governo, ressaltando que, embora não tenha sido "brilhante a 100%", tem mostrado eficácia e feito progressos importantes em várias áreas.
"Claramente, [de 0 a 20], dou uma nota acima de 16. Algo que tem surpreendido em eficácia e em sentido político", avaliou durante a entrevista.
No entanto, para o conselheiro de Estado, está claro que faz falta à política portuguesa ter pessoas "moderadas e que sejam olhadas com respeito", sobretudo, porque nos dias de hoje "não há paciência para posições de equilíbrio e intermédias", aproveitando para elogiar Aguiar Branco.
Presidenciais: Luís Marques Mendes ou Gouveia e Melo?
Quanto às eleições presidenciais, António Lobo Xavier refletiu sobre os possíveis candidatos e ao olhar para os já confirmados Luís Marques Mendes e Gouveia e Melo, frisou que em relação a um "sabe tudo", mas quanto ao outro "não sabe nada" e se tivesse de escolher, neste momento, "preferia votar" no que conhece.
No entanto, o voto vai mudar se Paulo Portas se candidatar. Nesse caso "não teria outra escolha".