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Alunos estrangeiros de língua portuguesa têm mais insucesso que os outros migrantes

A diversidade nas escolas é cada vez maior. Em média, cada agrupamento acolhe estudantes de 19 nacionalidades, o dobro do que acontecia há cerca de seis anos.

Diana Pinheiro

Os alunos estrangeiros oriundos do Brasil e dos PALOP têm níveis de retenção mais altos em comparação com outros alunos estrangeiros que não falam português. A taxa de chumbo é quase o dobro em comparação com os outros migrantes.

Em apenas cinco anos letivos, o número de alunos migrantes quase triplicou nas escolas portuguesas. Em 2023/2024, passou para 140 mil, o mais alto de sempre. Há estabelecimentos onde representam um terço do total de alunos.

Esta nova realidade trouxe vários desafios, como, por exemplo, a questão da língua. Mas os dados revelados esta quinta-feira pelo Ministério da Educação mostram que a taxa de retenção é maior nos alunos que vêm de países de língua oficial portuguesa e do Brasil, em comparação com os oriundos da Europa de Leste ou da China.

Cerca de um terço dos alunos que chegam do Brasil e de Angola reprovaram pelo menos uma vez no terceiro ciclo, e a taxa é ainda mais expressiva quando olhamos para os oriundos da Guiné-Bissau, de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.

Quando olhamos para os que chegaram da China, o nível de insucesso é de 14%, seguindo-se os jovens da Ucrânia com 19% e os franceses com 20%.

Os números da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência permitem comparar os percursos dos alunos estrangeiros com os que têm um perfil semelhante a nível nacional.

No primeiro ciclo, 93% dos alunos portugueses concluíram-no no tempo esperado, os quatro anos. Também 85% dos ucranianos terminaram com sucesso este ciclo. As maiores dificuldades foram registadas nos alunos do Nepal e da Índia.

Quando olhamos para o segundo ciclo, quinto e sexto anos, salta à vista o sucesso dos alunos chineses. 98% terminou com sucesso este nível; no caso dos alunos portugueses, a percentagem é mais baixa: 96%. Novamente, os alunos de São Tomé e Príncipe, Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau revelam mais dificuldades.

A tendência mantém-se no ensino secundário, com metade dos alunos do Brasil e mais de metade dos que chegam de Angola a terem pelo menos uma retenção no currículo, o dobro dos alunos chineses.

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