Apesar de haver mais profissionais com formação específica, as equipas não conseguem chegar a todos os doentes. O Observatório Português dos Cuidados Paliativos lembra que estes cuidados são necessários em todas as fases de vida e estão a ser esquecidos.
Médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais e espirituais são os profissionais que, diariamente, procuram aliviar o sofrimento dos doentes e proporcionar qualidade de vida.
Um lado da medicina que parece esquecido por muitos, mas um relatório do Observatório Português dos Cuidados Paliativos mostra que há boas notícias: há mais profissionais qualificados para prestar estes cuidados em Portugal.
"A formação dos profissionais de saúde melhorou significativamente nestes quatro anos. Foi por iniciativa própria - não é incentivada, nem financiada (...) são os profissionais, pela sua postura ética e deontológica, que vêm adquirir formação às várias faculdades, a seu custo", explicou, à SIC, Manuel Luís Capelas, diretor do Observatório Português dos Cuidados Paliativos.
Profissionais que, na sua maioria, já trabalham em cuidados paliativos ou em outros ramos da saúde, mas que investiram na formação.
Mas... há falta de equipas
No entanto, nem tudo são boas notícias. Desde logo, há falta de equipas.
"Os dados menos positivos são os nossos índices de cobertura que continuam muito baixos. Estamos em torno de 30% de cobertura das necessidades do país (...) e temos uma grande assimetria nacional de disponibilidade de recursos e de tempos de disponibilidade", explicou Manuel Luís Capelas.
Isto significa que não há profissionais suficientes para chegar a todos os doentes. Ainda há profissionais em cuidados paliativos sem formação específica e nos cursos de medicina ou enfermagem, poucas são as horas dedicadas a esta especialidade. Falhas no sistema que deveriam ser colmatadas. Afinal, os cuidados paliativos não se destinam unicamente a pessoas em fim de vida. Até crianças podem necessitar destes cuidados.
"Temos aqui intervenções muito importantes: cuidados paliativos pediátricos, que são cuidados que ainda têm um impacto maior do tabu da morte por estarmos a lidar com estas idades. Os adultos podem ter também esse impacto. Na verdade, precisamos destes cuidados desde sempre", referiu Tânia Afonso, do Observatório Português dos Cuidados Paliativos.
Pela frente, há desafios críticos para garantir uma cobertura e qualidade adequadas nos cuidados de saúde paliativos. Desde logo, o Observatório Português dos Cuidados Paliativos define como prioridade uma melhor cooperação entre o Ministério da Saúde e os serviços.