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Apoio à deslocação fez com que vários professores passassem a ganhar menos

Vários professores viram o seu salário descer este mês, quando começaram a ser pagos os apoios à deslocação, por causa da aplicação de impostos. Os docentes estão indignados e exigem que estas ajudas de custo sejam livres de taxas.

Catarina Marques

Daniel Fernandes

Em vez de começarem a receber mais como era suposto no caso dos professores colocados longe da área de residência, vários estão a ganhar menos.

Este mês foi pago, pela primeira vez, o apoio à deslocação, mas, com surpresa, alguns professores viram que o dinheiro que entrou na conta bancária tinha diminuído. O alerta foi dado pela missão escola pública que diz que os professores se sentem enganados.

“Tivemos mais de uma dezena de colegas a reportar situações que, ou ficaram a ganhar menos, ou tiveram descontos que consideraram que não estavam corretos. Alguns com descontos, inclusive, para a ADSE, o que não faz qualquer sentido. Uma situação que se entende ser injusta e que não vai ao encontro do que havia sido anunciado. Em momento algum se falou dos descontos anunciados, portanto muitos professores estão a entender que de algum modo foi uma notícia falaciosa”, disse Cristiana Mota da missão escola pública.

Segundo dados do Ministério da Educação, mais de quatro mil professores pediram apoio à deslocação. Este apoio varia de acordo com a distância a que os professores estão da área de residência.

  • Entre 70 e 200 quilómetros (150 euros);
  • Entre 201 e 300 km (300 euros)
  • Distância superior a 300 km (450 euros).

Os docentes pedem que estas ajudas de custo sejam livres de taxas.

“O Governo, através do Ministério da Educação dá com uma mão, mas o mesmo Governo através do Ministério das Finanças tira com a outra. Claramente que isso é defraudar as expectativas dos professores que estão a lecionar a centenas de quilómetros de suas casas”, explica Filinto Lima, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Os professores insistem, ainda, que devem ser aplicados apoios a todos os que estiverem deslocados e não apenas os colocados num dos 234 agrupamentos de escolas definidos pela tutela.

“Não faz qualquer sentido dois professores estarem em iguais circunstâncias, a igual distância da sua área de residência e por um estar numa escola carenciada ter subsídio e outro não ter na escola ao lado. Alguns dos colegas que nos reportaram a situação já disseram que são colegas que se encontram a Norte e que em janeiro já não vão estar a lecionar, vão se encontrar com baixa médica devido a todo o desgaste causado por esta situação”, explica Cristiana Mota.

“Penso que era bom para a educação que o Ministério das Finanças começasse a pensar em tratar melhor os seus professores. Em dar estes apoios efetivos na deslocação, mas sobretudo o apoio na estadia que neste momento não existe”, acrescenta Filinto Lima.

Com a falta de professores a agravar-se, os diretores das escolas públicas alertam que este tipo de medidas fazem aumentar a desmotivação e afastam os novos profissionais da carreira.

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