João Bilhim, antigo presidente da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP), criticou a postura do Banco de Portugal, que se recusa a pagar o salário do novo secretário-geral do governo, Hélder Rosalino. Em entrevista à SIC Notícias, este sábado, classificou a decisão como um caso "único de falta de cooperação institucional".
O ex-presidente da CRESAP explicou que é habitual que dirigentes, de empresas públicas ou privadas, sejam requisitados para funções no Estado mantendo o salário de origem, e a recusa do BdP contraria essa prática.
João Bilhim referiu que, a haver alguma proibição da legislação europeia, está relacionada com a interferências do governador sobre o Estado e levantou questões sobre a posição de Mário Centeno, ex-ministro das Finanças. "Se a independência é possível no caso dele, também o seria em qualquer outro caso".
O antigo presidente da CRESAP alertou ainda para o impacto pessoal e profissional da situação de Hélder Rosalino, que pode ser obrigado a pedir exoneração do Banco de Portugal, que o deixaria no desemprego quando cessasse funções na Administração Pública.
"É uma loucura. Estou convencido de que o bom senso vai imperar e que se vai chegar a um acordo," afirmou.
Na intervenção, Bilhim lembrou que a cedência por interesse público é uma prática habitual, mesmo em casos que envolvem valores salariais superiores, como aconteceu com Paulo Macedo, quando passou da Ocidental para a liderança da Caixa Geral de Depósitos. Para o ex-dirigente da CRESAP, este é um exemplo de uma postura "patrimonialista" de Mário Centeno, que pode minar a cooperação entre instituições públicas.
Em comunicado, divulgado este sábado, o Banco de Portugal recusou-se a pagar o salário do novo secretário-geral do governo. Hélder Rosalino vai ganhar mais de 15 mil euros por mês e Mário Centeno informou o Governo que as regras europeias proíbem o banco central de assumir esta despesa.