A Fenprof avisa que os professores não voltam ao sistema de ensino sem um novo estatuto da carreira docente. No balanço do primeiro período, a plataforma sindical considera que as medidas do Governo não funcionaram e sublinha que só as 60 mil horas extraordinárias garantiram o funcionamento das escolas.
Um dia depois do final do primeiro período, a Fenprof aponta com números a ineficácia das medidas do Governo.
A federação quis avaliar como resolvem as escolas a falta de professores. Confirmou que no país há quem cumpra cinco ou mais horas extra e direções com mais de 300 horas.
"São mais de 60 mil horas as horas extraordinárias só durante este primeiro trimestre. Isto está a levar muitos colegas a entrarem num processo de exaustão", refere Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof.
De acordo com o inquérito a 25% das escolas e agrupamentos, realizaram-se 22 mil contrações precárias com a porta aberta à falta de qualificação.
"Esgotado este recurso, e são professores com um requisito habilitacional, muitas escolas começaram a recorrer a pessoas sem qualquer requisito habilitacional", afirma o responsável da Fenprof.
Em Lisboa, no 1º ciclo, Educação Especial e Geografia, a situação é mais grave.
Segundo a Fenprof, a situação só se resolve com a revisão do estatuto da carreira que começa a ser negociado no dia 27.
"Só assinaremos o tal protocolo negocial se a negociação acabar no final deste ano-letivo, o estatuto entrar em vigor no próximo e se mantiver como decreto-lei. Caso contrário, não assinamos. Não vamos abdicar daquilo a que temos direito", refere.
A Fenprof avisa que sem a valorização dos docentes vão agravar-se os números deste período: 2 mil alunos sem professor a uma disciplina de forma permanente, 30 mil de forma não permanente e 300 mil num período de 3 semanas a 1 mês.