Os pais dos alunos com necessidades educativas especiais estão revoltados por causa da falta de professores. Os diretores das escolas reconhecem que falta pessoal, incluindo assistentes operacionais. Milhares de alunos do ensino público acabam por não ter o acompanhamento que a sua condição exige.
O diagnóstico de síndrome de Mowat-Wilson, uma doença responsável por atrasos no desenvolvimento físico e cognitivo, chegou ao primeiro ano de idade. Desde essa altura que os pais de Mariafazem o que conseguem para ajudar a filha.
À medida que foi crescendo, os pais procuraram uma escola de ensino regular, onde o convívio com crianças sem necessidades educativas especiais pudesse estimular a filha .Mas, com o passar do tempo os desafios, têm aumentado.
“A diferença nestas crianças com necessidades especiais, sem professores, é brutal”, lamenta Rui Negrão, pai de Maria.
Nem sempre há professor de ensino esppecial
Cerca de 8% das crianças e jovens, do Pré-Escolar ao Ensino Secundário, fazem parte do Ensino Inclusivo, com medidas seletivas de suporte à aprendizagem e à inclusão. Os últimos dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência mostram que,só no ano letivo passado, quase 90 mil alunospertenciam ao Ensino Inclusivo. Grande parte deveria ter apoio de um professor de ensino especial em sala de aula, o que nem sempre é possível.
“É necessário chegarem às escolas públicas mais professores de educação especial. É necessário que esses alunos tenham mais terapias. E também é necessário, para que esses alunos tenham um crescimento o mais saudável possível, assistentes operacionais, funcionários”, lista Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.
“A educação especial no nosso país carece de recursos humanos nas suas diversas valências.”
"A Escola da Maria"
Rui, o pai de Maria, decidiu criar um projeto de inclusão para as crianças com necessidades especiais, como a filha: “A Escola da Maria”.
A ideia surgiu em 2017, “pelo facto de não haver escolas a funcionar com inclusão”, afirma.
“É um projeto que já tem algumas valências independentes a funcionar, devido à procura que recebemos. O objetivo é haver um espaço único, onde as crianças podem ir, onde tem a parte de terapias, parte de escola e parte desportiva”, explica.
O projeto está agora a ser desenvolvido, para que a escola seja uma realidade dentro de cinco anos, com a intenção de ajudar o maior número de crianças.