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Há mais de 15 mil utentes sem médico de família na Guarda e concurso para atrair profissionais ficou vazio

Havia 23 vagas para médicos de família, na Guarda, mas apenas três quiseram ficar na região. A presidente da Unidade Local de Saúde pede medidas de discriminação positiva, como incentivos fiscais, para tentar convencer os médicos a fixarem-se no Interior. 

Madalena Ferreira

Paulo Gabriel

A escassez de médicos é sentida particularmente no Interior do país. Na Guarda, por exemplo, são já mais de 15 mil os utentes sem médico de família. O último concurso público voltou a mostrar dificuldades em atrair e fixar profissionais de saúde.

A esperança morre em cada concurso. Havia 23 vagas para médicos de família,na Guarda, mas apenas três quiseram ficar na região.

Rita Figueiredo, que lidera a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, reclama, por isso, medidas de discriminação positiva. “Condições fiscais, acesso a determinadas regalias ou a outras compensações”, sugere. “Tem de ser pensada uma estratégia conjunta.”

Em pouco mais de 140 mil utentes inscritos na Guarda, há 15.164 pessoas sem médico de família.

O cenário pode agravar-se por haver muitos médicos à beira da reforma. É o caso do único que resiste em Figueira de Castelo Rodrigo, um concelho com quase 5 mil utentes.

Escassez não se fica pelos médicos de família

As carências atravessam, contudo, outras especialidades. Há um plano de saúde gizado até 2030, tornado público esta terça-feira, em que foram definidas prioridades de intervenção: doenças cardíacas, enfartes, tumores malignos, diabetes, obesidade, perturbações depressivas e demências. Mas, para o tratamento, faltam meios.

“Estamos num território em que fraqueja muito o número de profissionais disponíveis para prestar cuidados”, constata Mário Rui Salvador, médico de saúde pública. “Não há médicos e eu atrevia-me a dizer que também não há em número suficiente outros profissionais, como nutricionistas e psicólogos.”

Desafios não faltam à nova administração. A abertura do departamento da Criança e da Mulher foi anunciada para setembro, mas afinal não abre antes de junho do ano que vem.

“As obras sofreram prorrogações. Estão atrasadas face àquilo que foi anunciado. É essa a verdade e não posso mentir”, declarou a presidente da ULS da Guarda.“Infelizmente, creio que não será tão breve quanto seria o desejável e o expectável”, lamenta Rita Figueiredo.

Já para o novo centro de saúde mental, com obras prometidas há mais de três anos, ainda nem sequer foi aberto concurso público.

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