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Desacatos em Lisboa: Marcelo diz que "violência física nunca é solução para os problemas sociais"

O Presidente da República "espera e deseja" que haja uma desescalada da violência e, portanto, "o triunfo do bom senso, da paz, e a rejeição de aquilo que não é solução".

Ana Rute Carvalho

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta quinta-feira que a "violência física nunca é solução para os problemas sociais", numa reação aos desacatos das últimas noites, em Lisboa, desencadeado pela morte de um homem baleado pela PSP, na Cova da Moura.

O chefe de Estado disse que é necessário esperar pelos resultados da investigação antes de apontar responsabilidades à morte de Odair Moniz.

Em entrevista aos jornalistas, reconheceu que, "apesar de tudo", esta quarta-feira à noite "houve uma acalmia" nos bairros e municípios atingidos nos dias anteriores.

Marcelo afirmou ainda "esperar e desejar" que haja uma desescalada da violência e, portanto, "o triunfo do bom senso, da paz, e a rejeição de aquilo que não é solução".

"A violência física nunca é solução para os problemas sociais."

Os distúrbios começaram na madrugada de terça-feira, no bairro do Zambujal, no concelho da Amadora, após a morte de um homem baleado pela PSP, na Cova da Moura, e alastraram-se a outros municípios da Área Metropolitana de Lisboa, nas noites seguintes.

O último balanço das autoridades dá conta de pelo menos quatro feridos, incluindo dois polícias, e vários autocarros e veículos incendiados. Três pessoas foram detidas em mais de 60 ocorrências de desordem e incêndios, com muitos caixotes do lixo incendiados e mobiliário urbano danificado.

A morte que desencadeou os distúrbios

Odair Moniz, 43 anos, cidadão cabo-verdiano, e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de automóvel depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Com Lusa

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