O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, citou este sábado Camões nas cerimónias da Implantação da República para criticar aqueles que no presente estão "reféns de ansiedades pessoais e partidárias", abdicando do "interesse nacional".
"O próprio 5 de Outubro de 1910 foi uma resposta contra a vaidade de políticos que se achavam donos do país. Hoje quando se fala de bloqueios e de travar medidas essenciais para o futuro do país, devemos ser claros. O país não pode parar", disse o autarca, anfitrião das cerimónias oficiais do 5 de Outubro.
No discurso do 114.º aniversário da Implantação da República, realizado na Praça do Município, Carlos Moedas (PSD) defendeu que os líderes políticos devem guiar-se pelo "estado do país" e não por "estados de alma".
"Quantas vezes na nossa história nos desviámos do caminho porque foram preferidas vaidades pessoais e interesses partidários em vez do bem comum ou do interesse nacional?", questionou o autarca, citando depois uma estrofe dos Lusíadas, a obra mais emblemática de Luís de Camões.
Riscos de política de imigração de “portas escancaradas”
O presidente da Câmara de Lisboa alertou ainda para os problemas da imigração, afirmando que o país não pode "aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem".
"Hoje assistimos a manifestações de um drama humanitário que nos envergonha a todos como país. Nós precisamos de imigração, mas não podemos aceitar uma política de portas escancaradas que conduz à desordem, dá espaço a redes criminosas e multiplica casos de escravatura moderna", disse o autarca, defendendo a necessidade existir "uma política de imigração que valoriza e traz dignidade a quem chega ao nosso país".
"Se hoje temos um claro problema de pessoas em situação de sem-abrigo no país, deve-se também à irresponsabilidade em lidar com a imigração. Esta irresponsabilidade aumenta a desconfiança na nossa sociedade e alimenta os extremismos de um lado e de outro", alertou.
O autarca aproveitou também o seu discurso para anunciar que o município conseguiu resolver na sexta-feira o problema dos imigrantes que estavam a viver há vários meses em tendas junto à igreja dos Anjos.
"Hoje posso dizer que ontem resolvemos uma das situações mais graves da nossa cidade. Ontem ajudamos todas as pessoas que estavam à volta da Igreja do Anjos a encontrar um teto", referiu.
A segurança foi outro dos abordados por Carlos Moedas, que aproveitou a presença do primeiro-ministro para reiterar a necessidade de reforço da Polícia Municipal de Lisboa.
"Lisboa e Portugal têm na segurança o seu maior ativo e não o podemos perder. Por isso é que pedi ao anterior Governo, e volto a fazê-lo agora, mais 200 agentes para a Polícia Municipal de Lisboa. Mais competência para as polícias municipais é mais segurança para as cidades", afirmou.