Os guardas prisionais responsáveis pela videovigilância da prisão de Vale de Judeus negam qualquer negligência na fuga dos cinco reclusos. Do lado de fora da cadeia, as autoridades encontraram um buraco com vários metros, que terá sido usado pelos cúmplices dos prisioneiros.
“Isto pode ir desde o médico até ao senhor diretor interino. Neste momento estão todos a ser objeto de investigação”, explicou Pedro Proença, advogado do Sindicato da Guarda Prisional.
Todos os funcionários que estavam ao serviço no dia da fuga estão a ser interrogados, mas só dois foram acompanhados por advogado - os guardas prisionais responsáveis pelas imagens de videovigilância, interrogados esta terça-feira pelos inspetores dos serviços de auditoria interna.
“Foram os primeiros que foram interrogados como visados. Não são arguidos, estamos ainda numa fase de inquérito. Houve já mais guardas prisionais ouvidos na qualidade de testemunhas, mas estes, por estarem ao serviço no CCTV [videovigilância], um rendeu o outro, mas em função disso estão a ser ouvidos como visados”, acrescentou Pedro Proença.
Estes guardas negaram qualquer negligência ou responsabilidade na fuga dos cinco reclusos. Até agora não há arguidos nem qualquer processo disciplinar.
Do lado de fora dos muros de Vale de Judeus, a poucos metros da rede, as autoridades encontraram um buraco com vários metros que terá sido usado no plano preparado ao detalhe.
“Quem o fez tinha preparação militar. Estes indivíduos estariam já há algumas horas junto ao muro, terão pernoitado aí”, acrescentou o advogado Pedro Proença.
No local, as autoridades encontraram ainda latas de refrigerantes e outros elementos que serão agora analisados para eventual prova biológica. Os guardas prisionais suspeitam de mercenários.
“Têm obviamente preparação militar especial e que, provavelmente, ou integram unidades especiais de forças militares ou integraram. O que reforça a ideia de que estaremos perante mercenários contratados para este efeito”, defendeu o advogado.
O inquérito do SAI procura identificar eventuais falhas humanas e já começou a interrogar também os reclusos.
Na investigação do Ministério Público, que corre em simultâneo, uma das linhas pretende apurar se os fugitivos tiveram cúmplices também dentro da prisão.