Quebra o silêncio 3 dias depois da fuga da prisão de Vale de Judeus e depois de reunir-se com o até agora diretor Geral dos Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves. Por considerar que em causa estiveram falhas graves e inaceitáveis, Rita Júdice não hesitou.
"Aceitei o pedido de demissão apresentado pelo senhor diretor geral da DGRSP e também o pedido de demissão apresentado pelo sub-diretor geral do pelouro dos estabelecimentos prisionais", disse a ministra da Justiça, Rita Júdice.
A sub-diretora, Isabel Leitão, assume agora a liderança de forma provisória. A ministra da Justiça anuncia auditorias urgentes aos sistemas de segurança e de gestão dos 49 estabelecimentos prisionais do país.
"Temos de ter confiança nos equipamentos, sistemas de segurança e vigilância. O senhor inspetor-geral compromete-se a entregar o resultado dessa auditoria até ao final deste ano. Decidi, também, ordenar uma auditoria de gestão ao sistema prisional. Vai ajudar-nos na tomada de decisões para uma melhor utilização de uso de recursos e para efetuarmos as mudanças que se imponham", explica a ministra.
Auditoria que, para o Sindicato do Corpo da Guarda Prisional, chega tarde.
"O Sindicato vem alertar ao longo do tempo que existe falta de segurança nos Estabelecimentos Prisionais e esta auditoria da Inspeção Geral da Justiça, sobre a segurança e sobre o funcionamento dos serviços prisionais, já devia ter acontecido há muito tempo. As fragilidades que a ministra aponta é a gestão dos recursos humanos que nós temos, que são escassos, mas aqui a culpa é dos Governos, não é dos serviços prisionais. É dos Governos que não investiram", diz Frederico Morais, presidente do Sindicato do corpo da Guarda Prisional.
Desinvestimento que Rita Júdice confirma ter encontrado quando assumiu a pasta, há 5 meses.
"A situação que encontrámos no Ministério da Justiça quando tomámos posse foi profundamente complicada, foi muito para além das dificuldades que imaginávamos. Esta situação do estabelecimento prisional de Vale de Judeus vem, também, por a nu algumas dessas fragilidades", diz Rita Júdice.
A Polícia Judiciária e os Serviços de Auditoria e Inspeção já fizeram buscas nas celas de Vale de Judeus. Foram recolhidas informações sobre as visitas mais recentes e interrogados reclusos, guardas e funcionários do estabelecimento prisional. A ministra da Justiça garante responsabilizar eventuais envolvidos na fuga e admite processos disciplinares.