Pode ter tido origem numa limitação mecânica o acidente com o helicóptero da GNR no Rio Douro que resultou na morte de cinco militares. No manual de voo, a Airbus admite que os comandos do aparelho podem bloquear depois de um movimento brusco a alta velocidade.
Na terça-feira, ouvido pelos investigadores, o piloto - com mais de 15 anos de voo - explicou que foi obrigado a guinar o helicóptero para evitar colidir com uma ave de “médio porte”.
A informação consta do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves, mas o mesmo documento nada refere sobre a causa do acidente, ainda por apurar.
A SIC teve, no entanto, acesso ao manual de voo do aparelho, onde de resto o próprio fabricante alerta para possíveis falhas nos comandos hidráulicos, um dos componentes mais importantes num helicóptero.
A Airbus admite que depois de um movimento brusco a elevada velocidade, como parece ter sido o caso, os comandos ficam em "espelho", ou seja, bloqueiam por instantes, e a máquina começa a perder altitude.
Contactado pela SIC, um especialista na manutenção de helicópteros como este que caiu no Douro garante que os comandos podem ficar mais de três segundos sem responder a ordens depois de uma guinada.
Essa limitação mecânica, admitida pelo fabricante, só acontece, segundo o mesmo especialista, quando a aeronave se aproxima da velocidade máxima de 220 quilómetros por hora.
O piloto confirma que deixou de conseguir aceder aos comandos depois de uma manobra que considera normal e aponta para uma falha técnica.
Um outro especialista em formação de helicópteros, também contactado pela SIC, reforça que o acidente pode ter tido origem numa avaria no servo hidráulico. Uma falha que terá provocado a perda dos comandos e que facilmente poderia ser superada se o aparelho tivesse duplo sistema hidráulico.
A investigação prossegue e, segundo a lei, o relatório final terá de ser divulgado no prazo máximo de 12 meses após o acidente.