Na reação ao discurso de Luís Montenegro na rentrée política do PSD, os partidos criticaram a falta de medidas estruturais do Governo, sobretudo na área da saúde.
Em declarações aos jornalistas no Parlamento após o discurso do primeiro-ministro, PS, Chega, IL, BE, Livre e PCP apontaram críticas a Luís Montenegro, tendo o Governo sido defendido apenas pelo CDS, que integra a coligação que suporta o Executivo.
Na tradicional Festa do Pontal, o primeiro-ministro anunciou a que os idosos com pensões mais baixas vão receber um suplemento extraordinário, que irá variar entre os 100 e os 200 euros e que será pago em outubro. Anunciou ainda a criação de um passe ferroviário de 20 euros para todo o país e que vai apostar no curso de Medicina.
PS
A líder parlamentar do PS defende que o discurso de Montenegro "visa apenas desviar a atenção de todos de uma situação de quase descalabro no SNS", considerando que os números desmentem a ideia do primeiro-ministro sobre a situação na saúde uma vez que houve mais 40% urgências obstétricas encerradas do que no ano passado", o que traz "muito mais imprevisibilidade".
"Não estamos melhor, estamos muito pior", acusou Alexandra Leitão, considerando que o Governo está num "estado de negação" sobre a saúde.
A socialista lamentou que as medidas anunciadas sejam "puramente conjunturais", dando como exemplo o suplemento extraordinário para pensões mais baixas quando aquilo que é "preciso é valorizar as pensões de forma estrutural".
"É verdade que este foi um discurso de um Governo que está mais preocupado em fazer campanha eleitoral do que em governar", criticou.
Chega
Pelo Chega, Patrícia Carvalho considerou que o discurso no Pontal foi "muito pouco ambicioso, que mais parece de campanha eleitoral".
"O primeiro-ministro continua sem reconhecer a sua responsabilidade naquilo que é a instabilidade política que vivemos e talvez seja por isso que não tenha tido uma palavra sobre o Orçamento do Estado", lamentou, considerando que Luís Montenegro "vive um pouco alheado da realidade".
Concretamente sobre o passe ferroviário, a deputada do Chega considerou ser "ótima ideia", mas questionou onde "estão os comboios".
Iniciativa Liberal
Pela IL, a líder parlamentar rejeitou a ideia defendida por Montenegro de que a saúde está melhor, uma "afirmação manifestamente errada" já que há menos previsibilidade para as grávidas e o plano do Governo "está a falhar".
Para Mariana Leitão, seria "importante que houvesse medidas concretas para saúde".
Sobre o passe para os comboios, a liberal considerou que se está a estimular a procura, "mas do lado da oferta não há nada".
Bloco de Esquerda
O líder parlamentar do BE viu um primeiro-ministro "deslumbrado por si próprio" e um "Governo que ignora os problemas do país".
Lamentando um dos piores verões do SNS por falta de "diálogo, estratégia e planeamento", Fabian Figueiredo acusou o Governo de ter "optado pelo caos" e considerou ser sua "responsabilidade exclusiva" o facto de a resposta na saúde ter piorado.
"Não faltou 'spin', avisos à comunicação social, mas não houve nenhuma medida estrutural", condenou o bloquista.
Criticando o facto de o suplemento para as pensões ser apenas um apoio temporário, Fabian Figueiredo disse ver "um Governo do privilégio que entrou em modo de campanha eleitoral".
Livre
Pelo Livre, Jorge Pinto apontou os "grande anúncios e muita pompa" do Governo, mas criticou o facto de "falhar na resposta aos problemas concretos dos portugueses", considerando que uma das áreas em que o executivo tem falhado é na saúde, cujos problemas diz ser da responsabilidade do Governo de Montenegro.
"É hoje inegável que o setor da saúde está muito pior hoje do que estava quando o Governo tomou posse", lamentou, criticando a falta de medidas nesta área. Sobre o passe ferroviário, o deputado referiu que este já existe por iniciativa do Livre.
CDS
Pelo CDS, Paulo Núncio considerou que "em quatro meses é difícil pedir mais a um Governo" que "está a resolver problemas herdados de oito anos" de governação do PS.
Para o centrista, Montenegro lidera um Governo "com provas dadas" e cujo balanço é "francamente positivo", saudando as medidas hoje anunciadas.
PCP
JÁ o PCP quer respostas para os problemas do país. Manuel Rodrigues diz que a situação dos portugueses exige respostas concretas e imediatas, o que não aconteceu.