Num artigo de opinião publicado no jornal Expresso, o antigo CEO do SNS, Fernando Araújo, acusa os políticos de crucificarem as lideranças das unidades de saúde e de promoverem uma cultura destrutiva nestas organizações.
Sem nunca mencionar a ministra da Saúde, a crítica é clara, depois de Ana Paula Martins ter culpado as instituições do SNS pela má gestão dos serviços.
“Em liderança (e na política) há uma linha clara que separa a exigência de responsabilidades e a atribuição de culpas. Políticos que utilizam o caminho mais simples, crucificando as instituições que tutelam, tendem inexoravelmente a falhar”, escreve Fernando Araújo.
O antigo diretor-executivo do SNS, que colocou o cargo à disposição para não ser "um obstáculo" à atual tutela, acrescenta ainda que está “cultura destrutiva” mina a “autoridade e credibilidade” e provoca uma falta de cooperação entre equipas.
Explica que existe uma "erosão na confiança” e um “ambiente tóxico” entre as instituições e a tutela e salienta que a falta de apoio e motivação leva ao abandono dos profissionais.
“O resultado é desastroso: coloca em causa as instituições, provocando um dano reputacional irreparável à Administração Pública e ao Serviço Nacional de Saúde. Fica-se a pensar se é inexperiência, incompetência ou uma agenda cuidadosamente pensada.”