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Montenegro acusa PS de "deslealdade" por "governar contra o programa" do Governo e "às cavalitas do Chega"

No discurso de abertura do debate do Estado da Nação, Luís Montenegro diz que "proibido e apodrecido foi o fruto apetecido do PS e do Chega” nos primeiros 100 dias desta legislatura.

Ana Rute Carvalho

O primeiro-ministro abriu o debate do Estado da Nação, esta quarta-feira, com críticas à oposição, que acusa de “deslealdade” por querer “governar contra o programa” do Governo que viabilizou na Assembleia da República.

Há quatro conclusões a tirar, enumera Luís Montenegro na sua intervenção inicial: “a nação está em transformação”, a nação vive com confiança, a nação “tem e vai continuar a ter” a execução de um “programa de mudança” e a Nação “tem muita confusão na oposição”.

“Uma coisa é fazer oposição, criticar e fiscalizar o Governo, uma coisa é apresentar ideias e apresentar alternativas, outra coisa é governar no parlamento contra o programa que se viabilizou no Parlamento”, condena, numa referência às medidas aprovadas pela oposição sem voto favorável dos partidos do Governo, que classifica como “inadmissível, desleal e não é seria na atividade política".

“Proibido e apodrecido foi o fruto apetecido”

“As oposições têm um dever de lealdade com os portugueses de nos deixarem governar e não quererem governar em arranjos irresponsáveis e oportunistas”, afirma Montenegro, acusando o PS de se aliar ao Chega.

O primeiro-ministro diz que o “Chega leva PS às cavalitas” e o PS leva o Chega “às cavalitas” para “ambos governarem no Parlamento”, uma situação que seria vista como “uma loucura”, mas “é uma realidade nestes 100 dias”.

“O PS não se importou de comer o fruto que dizia que era proibido. E o Chega não se importou de comer o fruto que dizia que era apodrecido. Proibido e apodrecido foi o fruto apetecido do PS e do Chega dos primeiros 100 dias desta legislatura.”

O primeiro-ministro reforça que há apenas um programa de Governo viabilizado no Parlamento, "não há dois e muito menos três" programas alternativos. E assim será "até ao dia" em que os deputados decidirem aprovar uma moção de censura.

“Sem embargo do diálogo, da negociação política, da capacidade que nos temos de ouvir uns aos outros, há uma coisa que não podemos perder o norte: há um Governo legitimado pelo voto popular e com um programa viabilizado pela Assembleia da República.”

"Palavra dada, palavra honrada"

Ainda sobre a “confusão da oposição”, o primeiro-ministro diz que o PS exige “a este Governo que fizesse em 60 dias o que não fizeram 3.050”.

"Tem sido um contorcionismo político digno de uma peça trágico-cómica, é uma das faces da irresponsabilidade.”

No discurso de abertura do último debate na Assembleia da República antes das férias parlamentares, o primeiro-ministro evocou uma “transformação tranquila” que se traduz na “execução de um programa de Governo que não quer interromper”.

Montenegro recuperou uma frase do antigo primeiro-ministro António Costa para dizer que está a cumprir compromissos que assumiu quando tomou posse.

"Palavra dada, palavra honrada", na baixa do IRS, pagamento aos fornecedores, execução dos fundos europeus, nas negociações dos professores e forças de segurança, na habitação jovem, e no alojamento Local, aponta.

E por falar em António Costa, o primeiro-ministro não deixou de destacar o apoio que deu ao ex-primeiro-ministro para a presidência do Conselho Europeu, “apesar de ser socialista” e de ter sido seu “opositor”, declaração que lhe valeu apupos da bancada do Chega.

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