O Governo quer responsabilizar as administrações dos hospitais pelas listas de espera de cirurgias. Xavier Barreto, presidente da Associação de Administradores Hospitalares, diz que sem autonomia para a contratação de mais médicos não é possível resolver o problema.
“Os Conselhos de Administração são obviamente sempre responsáveis pelos resultados, nunca vi ninguém demitir-se dessa responsabilidade”, diz Xavier Barreto, mas lembra que, sem autonomia financeira não há como acabar com as listas de espera.
“O relatório do Conselho de Finanças Públicas diz que, do total da despesa em saúde, apenas 1,7% foi para investimento nos últimos 10 anos. No ano passado, metade do montante previsto para investimento não foi executado e isto tem consequências. Esta responsabilidade é dos Governos, que não têm feito o investimento necessário no SNS”, acrescenta.
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares voltou a lembrar que os hospitais continuam à espera do plano do Governo, que deveria ter sido implementado e que permitiria aos hospitais tomar decisões como contratar médicos.
O coordenador do Plano de Emergência da Saúde, Eurico Castro Alves, considera que quando os regulamentos entrarem em vigor, a lista de espera de doentes oncológicos deverá ser regularizada e todas as pessoas com doença oncológica serão operadas em tempo útil, mas lembra que há outros doentes com outras patologias.
“Há também 70 mil doentes não oncológicos que tinham passado os tempos de espera. Criamos um plano especial e vamos conseguir, até ao fim deste ano, ter uma percentagem muito significativa colocada dentro dos tempos de resposta razoáveis”, conclui.