No caminho para o restaurante, Ana vai riscando da lista os ingredientes que conferem ao seu menu o sabor a Alentejo. A padaria e o mercado de Porto de Covo são pontos de paragem obrigatórios deste roteiro, que termina com uma entrega de peixe mesmo à porta.
"A fruta, os legumes, o peixe o pão… se não houver ligação ás pessoas que o vendem e que o fazem não faz tanto sentido, é só uma compra de produtos. Acho que é importante que o produto seja bom e tem de haver ligação", conta Ana Moura, chefe do restaurante Lamelas.
Na cozinha, os almoços são preparados a bom ritmo. É assim desde que o Lamelas entrou para o guia Michelin Ibérico, em fevereiro deste ano, altura em que as reservas dispararam.
Do polvo da costa ao toucinho de porco, as entradas são o mote para uma experiência que se espera repetir. O prato mais pedido é a abrótea com amêijoas e molho verde e há quem venha de propósito para experimentar.
Este é o único restaurante do sudoeste alentejano a fazer parte do guia de recomendados Michelin, um marco que a chefe atribui à sua ligação familiar com a terra. Ana espera que venham a entrar para a lista muitos mais negócios geridos por mulheres.
"O problema não é só a restauração, o problema é todo da sociedade por isso é que o feminismo é tão importante. E é importante cada vez mais lutarmos umas pelas outras, independentemente de serem chefes ou não, mas há muitas mais mulheres na cozinha do que quando eu comecei a trabalhar. na minha turma era, se não me engano, três mulheres ou quatro, e agora vemos turmas de cozinha que já são metade, metade. Por isso, eu acho que a longo prazo vai haver mais mulheres chefes na cozinha, mas o caminho tem de ser feito devagarinho e é lutar por isso todos os dias", explica Ana Moura