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Operação Influencer: arguidos continuam sem acesso ao processo

Desde janeiro que os advogados de defesa continuam sem ter acesso às escutas telefónicas que os arguidos foram alvo durante quatro anos, numa altura em que foram divulgadas interceções telefónicas que envolvem António Costa e João Galamba.

Horacio Villalobos

SIC Notícias

A última vez que os arguidos da Operação Influencer, que conduziu à demissão de António Costa, puderam consultar o processo foi em janeiro, quando os advogados de defesa visitaram o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em Lisboa, para folhearem o processo e tirarem notas.

O Expresso avançaque todos os arguidos da operação que derrubou o anterior Governo, liderado por Costa, estão há cinco meses sem fazer uma consulta atualizada aos autos e permanecem sem ter acesso às escutas telefónicas de que os arguidos foram alvo durante quatro anos, numa altura em que foram divulgadas pela CNN Portugal interceções telefónicas de António Costa.

De acordo com algumas fontes ouvidas pelo semanário, os advogados reagiram com perplexidade à divulgação das gravações que envolvem o antigo chefe de Governo e João Galamba, ex-ministro das Infraestruturas.

Em novembro, quando o chefe de gabinete do então primeiro-ministro, Vítor Escária, e o seu amigo lobista, Diogo Lacerda Machado, foram detidos não foram dadas cópias digitais dos autos aos advogados, que se queixaram ao juiz de instrução criminal de não lhes ter sido facultado o acesso aos elementos recolhidos durante as buscas e às gravações em bruto das escutas, apesar de o segredo de Justiça interno do processo ter vencido em setembro de 2022.

Contrariamente aos advogados de defesa, a CNN Portugal assumiu ter tido acesso “a todas as conversas e detalhes que constam dos 21 volumes e 16 apensos da Operação Influencer”, num total de centenas de telefonemas intercetados “a mais de 10 alvos” entre 2019 e 2023 e “com cerca de 50 intervenientes”.

Seis pessoas foram alvo de escutas

Em abril, o Tribunal da Relação de Lisboa acabou por dar razão aos arguidos no recurso apresentado, no qual eram referidas seis pessoas como alvo de escutas, nomeadamente os gestores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, Diogo Lacerda Machado, lobista contratado pela Start Campus, o ex-ministro João Galamba, o antigo presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, e o presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas.

O Ministério Público já abriu uma investigação a fugas de informação no processo Influencer, depois de ter sido divulgada a transcrição das escutas acima referidas.

Foram ainda divulgadas fotografias que mostravam a forma como 75.800 euros em notas estavam escondidos na sala do Palácio de São Bento onde trabalhava o então chefe de gabinete de António Costa.

Recorde-se que primeiro-ministro, António Costa, apresentou a sua demissão ao Presidente da República em 7 de novembro de 2023, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio, que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.


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