A defesa da ex-presidente executiva da TAP vai avaliar se as escutas que envolvem António Costa na Operação Influencer vão ser usadas para provar que o afastamento de Christine Ourmières-Widener foi ilegal. O antigo primeiro-ministro foi apanhado numa conversa com o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba.
As escutas ao ex-primeiro-ministro mostram que António Costa assume que a demissão da ex-CEO da TAP teve motivações políticas, depois da polémica indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis.
"Os 500 mil já nos custaram muito", ouve-se António Costa dizer nas escutas. "As pessoas precisam de sentir que o Governo não consente com merdas destas."
"Se isto se torna num inferno, é ela ou nós", terá dito o ex-primeiro-ministro.
No dia seguinte à conversa em causa, a gestora foi exonerada.
Agora, a defesa de Christine Ourmiére-Widener vai avaliar se as escutas a António Costa, a que CNN Portugal teve acesso, serão usadas para provar que o afastamento da ex-CEO da TAP foi ilegal.
A gestora francesa exige ao Estado português uma indemnização de quase 6 milhões de euros.
Na escuta, o ex-primeiro-ministro também diz a João Galamba já ter um substituto para o cargo: “Um gajo muito bom" - que seria Luís Rodrigues, o atual CEO da TAP.
Na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, Luís Rodrigues reagiu às declarações de Costa nas escutas, assumindo-se “lisonjeado”, mas negando alguma vez ter falado com o antigo primeiro-ministro.
Esta quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República determinou a abertura de uma investigação sobre as fugas de informação do caso Influencer. Algumas, como as conversas telefónicas de António Costa com João Galamba, não terão, alegadamente, relevância para o processo.
Foram também divulgadas fotografias de como 75.800 euros foram escondidos no Palácio de São Bento, pelo então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária.
O Chega quer chamar o antigo primeiro-ministro ao Parlamento para ouvir as explicações sobre a saída da ex-CEO da TAP. André Ventura acusa o Governo socialista de mentir quando justificou a saída de Christine Ourmières-Widener ao país.