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Fenprof diz que programa do Governo só traz 10% dos professores necessários

Mário Nogueira sublinha que são precisos 34 mil professores, mas o programa agora apresentado só conseguirá ir buscar 3.400. O sindicato questiona também a viabilidade da medida que procura manter nas escolas professores que deveriam reformar-se.

Rita Carvalho Pereira

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) considera que o programa do Governo para combater a falta de professores nas escolas é pouco ambicioso e tem medidas para “tapar buracos”.

O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirma que as medidas que o Executivo tenciona implementar trarão, no máximo, 3.400 professores para o sistema de ensino.

O problema, refere, é que estudos recentes apontam que, até ao final da década, serão precisos mais 34.000 professores.

“O que é possível quantificar chega a 10% das necessidades”, constata.

Mário Nogueira afirma ainda que contar com os professores apontados ou com os que têm idade para se reformarem não é solução.

“Um professor que esteja à beira de se aposentar, se não se aposentar, vai receber até 750 euros ilíquidos. Mas os professores que estão aposentados, se vierem dar aulas, [recebem] 1600 euros”, constata o sindicalista, sugerindo que a proposta apresentada pelo Governo não é vantajosa.

“Quem é que vai querer ficar mais tempo sem se aposentar, para ganhar os tais 750 euros, quando, aposentando-se, são 1600 euros?”, questiona. “É quase um desafio às pessoas para se aposentarem.”

Mário Nogueira diz ainda ser “curioso” que, para o regresso de professores aposentados, o Governo só tenha disponibilizado “200 vagas”.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação apresentou, esta sexta-feira, a estratégia do Governo para combater o problema dos estudantes sem aulas. O programa chama-se “+ Aulas, + Sucesso” e tem como objetivo, no próximo ano letivo, reduzir em 90% o número de alunos que, no final do 1.º período, não têm aulas a pelo menos uma disciplina.

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