O cenário já é habitual, com filas de espera que se adensam pela manhã fora. Esta sexta-feira, vêm todos ao mesmo. Não era isto que esperavam quando pisaram Odemira pela primeira vez.
"Antes era mais fácil, mas agora Portugal está a passar um momento muito crítico. Trouxe a minha família, mas não consigo casa. Trabalho só durante dois ou três meses e depois mandam-nos descansar e procurar outro emprego", explica um imigrante.
A partir de agora, quem cá chega vai precisar de trazer consigo um visto de trabalho. Em localidades como S. Teotónio, onde os cidadãos estrangeiros são já metade da população residente, a medida é vista com bons olhos mas acarreta expetativas perante problemas já antigos.
"Acho que o IEFP deveria ter aqui um papel fundamental na ligação com os consulados ou com as embaixadas destes países de onde veem os migrantes para que viessem de uma forma organizada: com contrato de trabalho, com a morada, sabendo para onde vão viver, sabendo quem é a sua entidade patronal. E ao chegar nosso pais deviam ter um género de uma loja do cidadão direcionada ao migrante para que ele quando chegasse, naquele local pudesse obter toda a documentação necessária (...)", diz Dário Ferreira, presidente da junta de freguesia de São Teotónio.
O novo plano do governo também foi bem acolhido pelas empresas do sudoeste alentejano.
"Vínhamos de uma situação, em 2017, em que as fronteiras estavam excessivamente fechadas, o que conduziu a uma falta de mão de obra nessa altura e as regras aprovadas em 2017 conduziram a uma situação oposta. Isso tem de ser acompanhado, inevitavelmente, por melhores serviços de educação, saúde, finanças, porque, caso contrário, há uma sobrecarga tal que a própria população local e originaria desses territórios tende a associar à vinda da migração a deterioração desses serviços", explica Luís Mesquita Dias da associação de horticultores do sudoeste alentejano.
Os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) para o concelho de Odemira davam conta de mais de 3.600 desempregados no final do ano passado, a maioria devido ao término de contratos na agricultura.