Vouzela é um exemplo entre muitos no interior do país. Tinha estimado limpar mais de dois mil hectares de mato e floresta, um investimento estimado superior a 2,5 milhões de euros, mas as metas não vão ser cumpridas.
Com “todos os problemas que tivemos” com os ”incêndios de 2017 e as intempéries de 2019, com o desordenamento crescente fruto, essencialmente do incêndio, com um crescimento galopante de infestantes e de invasores, torna-se muito difícil gerir um território desta natureza", sustenta o presidente da Câmara Municipal de Vouzela, Carlos Oliveira.
"Tenho terrenos que limpei no ano passado, combustível fino tinha cerca de 40/50 centímetros e agora tenho metro e meio/dois metros. Já há trabalhos que em pouco tempo já têm de ser para tratores (...) Em vez de andarmos dois dias a limpar o mesmo terreno, já andamos quatro, e isso tira-nos pessoas da lista de espera", acrescenta José António Costa dos Sapadores Florestais da associação de desenvolvimento rural de Lafões.
A lei da limpeza das florestas, pensada depois dos fatídicos incêndios de 2017, implica o corte de vegetação em redor de casas, povoações estradas, entre outros. Os municípios do interior sentem-se penalizados e sozinhos numa tarefa que em bom rigor, beneficia todo o país.
"Temos de falar da falta de recursos humanos, na falta de mão de obra muito elevada nestes setores, a rentabilidade económica destes territórios, a falta de recursos financeiros, quer do orçamento municipal, quer, também, da população que é uma população idosa, com reformas baixas. É preciso arranjar forma de pagar este serviço. Já se fala há muito tempo do pagamento de serviços de ecossistemas, sabemos que é fundamental começar a cotar e a pagar a quem vive nestes territórios de baixa densidade em que somos o pulmão do país, do grande litoral", explica Carlos Oliveira.
31 de maio é o último dia para cumprimento legal da limpeza de terreno, um prazo que foi alargado no mês passado, mas que no interior do país se percebe que não foi suficiente.