A longa espera por um documento que valida a residência em Portugal deixa várias vidas em suspenso. O tempo de espera, em muitos casos, é superior a um ano.
"Dei entrada dos documentos em janeiro e disseram que o prazo máximo era de três meses. Então planeei uma viagem com os meus filhos para eles conseguirem ver o pai. Comprei bilhetes e já não dá. Não tenho residência", conta uma imigrante bielorrussa.
Os imigrantes que se deslocam à AIMA saem sem resposta e com um pedido repetido. Primeiro contacto tem de ser por telefone.
"Nós ficamos 30, 40 minutos, uma hora às vezes à espera para falar com eles e somos despachados em 10 segundos e dizem-nos que não têm vaga", diz um imigrante brasileiro.
O advogado Marcel Borges dá apoio a 250 imigrantes e, por dia, se conseguir dar seguimento a um processo é uma sorte.
"Ele começa por perder a casa porque não tem autorização de residência para fazer contrato de arrendamento, ele começa a perder o emprego porque não tem documento para apresentar ao patrão e aí é um ciclo que só tende a piorar", explica.
E na falta de autorização de residência, há quem se aproveite da condição vulnerável de muitos imigrantes. O caso dos indianos e dos paquistaneses é mais grave. Têm, às vezes, 10/12 pessoas a morar num T1", acrescenta Marcel Borges.
Com olhos postos num futuro difícil de alcançar, a grande parte dos imigrantes em lista de espera são do Bangladesh, do Paquistão, da Índia e do Brasil.
Uma manifestação tímida junto à porta da Agência para a Integração, Migrações e Asilo, no Porto, deu lugar a protestos sobre os atrasos, a falta de recursos humanos e de informação.