Dos mais de 930 mil bebés nascidos na última década, em quase 7% dos casos, a mãe já tinha mais de 40 anos. Em 2013, as crianças nascidas de mães com mais de 40 anos eram apenas 3.881, mas em 2023 esse número subiu para 6.989, um aumento de cerca de 80%.
Virgínia Ferreira, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, recorre ao último inquérito de fecundidade para explicar o fenómeno. No geral, os portugueses estão a adiar cada vez mais o projeto de construir uma família. A idade média da mulher ao nascimento do primeiro filho também aumentou: em 2013 era de 31,2 anos e no ano passado já tinha aumentado quase um ano, para 32,1 anos.
Entre a falta de tempo, os desafios profissionais e a necessidade de reunir condições financeiras para construir uma família, a biologia também impõe limites. Há, por isso, um aumento de nascimentos em idades tardias, mas também um recurso mais frequente à Procriação Medicamente Assistida.
Além dos nascimentos tardios, há outro fenómeno cada vez mais frequente na natalidade em Portugal. Na última década, mais de 17% dos bebés nasceram de pais que não viviam juntos, segundo o jornal Público. Este número traduz uma mudança na mentalidade ao longo do tempo, mas também uma mistura de realidades muito diversas.
Em Portugal, desde 2021, os nascimentos fora do casamento superaram o número de bebés nascidos de pais casados. As famílias monoparentais também compõem uma parte significativa do cenário demográfico português, com as famílias monoparentais femininas a representarem mais de 80% desta realidade familiar.