O Chega convocou esta quarta-feira um debate de urgência no Parlamento sobre as declarações do Presidente da República, que defendeu reparações às ex-colónias. João Maria Jonet diz que "o Governo já disse que não vai fazer mais do que já faz, e o que já faz já pode ser visto como reparações por várias razões", por isso, discutir esta "não questão" é "perder de tempo".
O comentador diz que "estamos a assistir a uma mudança fundamental das atitudes que as pessoas de direita" porque esta costumava defender que "havia assuntos irrelevantes que eram discutidos no Parlamento" e que se estava a pagar impostos para os deputados trabalharem mas "eles não faziam nada" e agora há um partido de direita que "orgulhosamente não faz nada".
"Há um partido que com o dinheiro dos contribuintes, agenda debates em que não se discute absolutamente nada de jeito, nada que seja importante."
Acrescenta que "o Governo já disse que não vai fazer mais do que já faz, e o que já faz já pode ser visto como reparações por várias razões" por isso discutir esta "não questão" é "perder de tempo".
"Eu acho mesmo que ao ouvir o discurso de André Ventura e o bater no peito e o choradinho dos avós e dos bisavós (...) o que eu me pergunto ao olhar para isto é: As pessoas não ficam ofendidas ao pagarem impostos para deputados trabalharem e depois eles estarem a discutir se o aeroporto de Cabinda devia fazer com que Angola nos pagasse reparações a nós ou nós a eles"
João Maria Jonet defende que isto devia ser um tema discutido na academia e não por deputados porque "não é para isso que se paga aos deputados, aos deputados paga-se para falarem de impostos, para falarem do posicionamento de Portugal no mundo"
"Agora, como o Chega não tem substância para falar sobre essas coisas, tem o seu líder a bater no peito na Assembleia da República, a dizer que é muito macho e muito forte."
O comentador SIC diz que "a história de Portugal é demasiado complexa para ser representada por uma pessoa a bater no peito e dizer que ama a pátria, e não sei quê, a olhar para cima".
O Chega é “a fábrica de gerar indignação”
O comentador refere também que de devia acautelar o fornecimento de combustível para ações do Chega.
"Nós estamos constantemente nesta coisa de que não deviam dar argumentos ao Chega e o Chega não devia não ser parvo? Não era uma coisa também que podia acontecer?"
Afirma que "nós devíamos ser mais críticos dos deputados da nação que perdem tempo e dinheiro dos nossos impostos a discutir qualquer coisa".
"É preciso que (as pessoas) se consciencializem que estão a votar no partido em que os deputados não vão para lá fazer nada e vão para lá discutir o sexo dos anjos, que é isto que tem sido esta legislatura até agora."
João Maria Monet explica também que o partido de André Ventura não vai fazer alguma coisa que tenha impacto, em vez de continuar com as "coisas simbólicas e artificiais, porque os portugueses votaram "em pessoas que não sabem minimamente o que é que lá vão fazer sem ser reagir em coro ou com palmas ao que ao que lhes diz um porta-voz que está a fazer promoção mediática".
Questiona porque é que quem votou no Chega não é mais exigente com o partido e porque é que os eleitores não se questionam sobre o facto de existir um grupo parlamentar de 50 deputados que a única coisa que tem para discutir são "coisas sem substância".
"Os eleitores do Chega são tão exigentes com o resto do espaço democrático e com o resto dos partidos a dizer que não fazem nada, que não trabalham, e não sei quê, não podemos ser também um bocadinho exigentes com os deputados do Chega?"
O comentador diz que a seguir a esta crise em torno da reparação histórica às ex-colónias outras crises se seguiram.
"É a fábrica de gerar indignação (...) não há aqui mais do que a vontade de constantemente querer virar as pessoas umas contra as outras e não é para isso que se governa, não é para isso que se é eleito."
"As pessoas não são eleitas para irritar os outros"
Acrescenta que muita gente votou no partido porque está "insatisfeita com a maneira como se governa", mas é importante "explicar às pessoas esta maneira irritada de fazer política não está a contribuir em nada até agora para melhorar a maneira de governar".
João Maria Monet, já a terminar a análise política, diz que esta postura do Chega pode fazer o partido "crescer".