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Operação Maestro: Júlio Magalhães suspende "voluntariamente" apresentação de noticiários

O jornalista foi um dos alvo das buscas realizadas, esta terça-feira, pela Polícia Judiciária no âmbito da operação Maestro. Entre os visados está também o empresário Manuel Serrão.

Lusa

Ana Lemos

Lusa

A "Operação Maestro", da Polícia Judiciária (PJ), investiga crimes cometidos, alegadamente, na obtenção de subsídios da União Europeia, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O jornalista Júlio Magalhães é uma das pessoas envolvidas.

Por isso, e “na sequência dos acontecimentos que envolveram várias ações de buscas, entre as quais à sua residência, Júlio Magalhães comunicou à empresa a sua indisponibilidade para se apresentar ao trabalho e suspendeu voluntariamente as tarefas de apresentação de noticiários que lhe estavam atribuídas”, lê-se no comunicado a que a SIC teve acesso.

Esta suspensão, que resulta, segundo o comunicado, de um “entendimento mútuo”, manter-se-á até, lê-se, ao “esclarecimento complementar dos factos aludidos na Operação Maestro”, sendo que “a TVI pautará a sua conduta pelo (…) princípio da presunção de inocência a que todos os cidadãos têm direito”.

Fraude de 40 milhões de euros

A PJ refere que as 78 buscas realizadas na manhã desta terça-feira na Operação Maestro visam projetos cofinanciados por fundos comunitários, que terão permitido aos suspeitos - entre eles, Manuel Serrão - ganhos ilícitos de quase 39 milhões de euros, entre 2015 e 2023.

“Através dos 14 projetos cofinanciados pelo FEDER [Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional] , executados entre 2015 e 2023, os suspeitos lograram obter, até ao momento, o pagamento de incentivos no valor global de, pelo menos, 38.938.631,46 euros”, sustenta a Judiciária.

A esta informação, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), titular do processo, acrescenta que em causa está a alegada prática dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, de fraude fiscal qualificada, de branqueamento de capitais e de abuso de poder.

As buscas decorreram nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, na região de Aveiro e da Guarda.

Fonte judicial adiantou desde logo, à agência Lusa, que entre os vários suspeitos estavam o empresário portuense e o jornalista Júlio Magalhães, que até agora se havia reservado ao silêncio.

Outros suspeitos

O presidente da comissão diretiva do Compete 2020, Nuno Mangas, é outro dos suspeitos e alvo das buscas da PJ, adiantou uma fonte ligada à investigação, acrescentando haver mais suspeitos ligados a empresas da indústria têxtil, que terão beneficiado de fundos europeus através do esquema fraudulento.

Segundo a PJ, "o 'modus operandi' assenta na criação de estruturas empresariais complexas".

"Visando a montagem de justificações contratuais, referentes a prestações de serviços e fornecimentos de bens para captação fraudulenta de fundos comunitários no âmbito de, pelo menos, 14 operações aprovadas, na sua maioria, no quadro do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), executadas desde 2015", acredita a investigação.

Em reação à operação policial, o programa Compete garantiu que "está a colaborar com procedimentos em curso por parte da Polícia Judiciária, no âmbito de uma investigação a projetos implementados com o apoio de fundos europeus, no âmbito do programa Compete 2020".

Da investigação em curso, segundo a PJ, "resultaram ainda fortes suspeitas do comprometimento de funcionários de organismos públicos, com violação dos respetivos deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformação dos procedimentos relacionados com as candidaturas, pedidos de pagamento e a atividade de gestão de projetos cofinanciados".

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