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Megaoperação da PJ: Manuel Serrão suspeito em fraude de 40 milhões de euros

Buscas decorrem no Porto e em Lisboa e envolvem dezenas de magistrados e cerca de 300 elementos da Polícia Judiciária. Em causa estão crimes cometidos na obtenção de subsídios da União Europeia, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Luis Lagadouro/Facebook

SIC Notícias

O empresário Manuel Serrão é um dos principais suspeitos no âmbito da "Operação Maestro", da Polícia Judiciária (PJ), que investiga crimes cometidos, alegadamente, na obtenção de subsídios da União Europeia, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Em comunicado, a PJ refere que as 78 buscas realizadas hoje visam projetos cofinanciados por fundos comunitários, que terão permitido aos suspeitos ganhos ilícitos de quase 39 milhões de euros, entre 2015 e 2023.

A PJ explica que, "através dos 14 projetos cofinanciados pelo FEDER [Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional], executados entre 2015 e 2023, os suspeitos lograram obter, até ao momento, o pagamento de incentivos no valor global de, pelo menos, 38.938.631,46 euros".

O empresário do Norte é visado nas dezenas de buscas realizadas em residências, associações e empresas, como explica a repórter Catarina Lázaro.

Ao que a SIC apurou, o jornalista Júlio Magalhães também foi alvo de buscas.

As buscas decorreram nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, na região de Aveiro e da Guarda.

"Em causa estão esquemas organizados de fraude que beneficiaram um conjunto de pessoas singulares e coletivas, lesando os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português, quer em sede de financiamento através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), quer através da subtração aos impostos devidos", explica a PJ.

Segunda esta força de investigação criminal, "o modus operandi assenta na criação de estruturas empresariais complexas".

"Visando a montagem de justificações contratuais, referentes a prestações de serviços e fornecimentos de bens para captação fraudulenta de fundos comunitários no âmbito de, pelo menos, 14 operações aprovadas, na sua maioria, no quadro do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), executadas desde 2015", acredita a investigação.

Da investigação em curso, segundo a PJ, "resultaram ainda fortes suspeitas do comprometimento de funcionários de organismos públicos, com violação dos respetivos deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformação dos procedimentos relacionados com as candidaturas, pedidos de pagamento e a atividade de gestão de projetos cofinanciados".

A operação policial foi realizada no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estando a investigação a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, com o apoio do Núcleo de Assessoria Técnica da Procuradoria-Geral da República.

A PJ diz ainda que a investigação "prosseguirá com a análise à prova agora recolhida e dos competentes exames e perícias, visando o cabal apuramento da verdade e a sua célere conclusão".

Na Operação Maestro participaram 250 inspetores, 32 peritos da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática e 24 peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística.

Contou, ainda, com a colaboração das Unidades Nacionais, Diretoria do Norte, Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, Diretoria do Centro, Departamentos de Investigação Criminal de Setúbal, Braga, Guarda e Aveiro, além de Magistrados Judiciais, Magistrados do Ministério Público e Especialistas da PGR.

Com Lusa

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