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Greve na PSP e na GNR como propõe Chega? IL e PS discordam da proposta

Na opinião pública existe a ideia de que os polícias não devem fazer greve, porque iria pôr em causa a segurança coletiva, situação que defende, por exemplo, o comentador da SIC Luís Marques Mendes.

Amanda Martins

O Chega quer que os polícias tenham direito à greve e possam pertencer a partidos políticos. Os especialistas dizem que a Constituição não proíbe o direito à greve, mas quanto à filiação partidária falam num claro conflito de interesses. O PS e a IL já se manifestaram, afirmando que são contra a proposta “pela segurança do povo”.

A proposta número 67 do programa eleitoral do Chega, para as eleições legislativas de março, diz que o partido quer “reconhecer aos membros das Forças de Segurança o direito à filiação partidária, bem como o direito à greve”.

Em Portugal, a Polícia Judiciária e o corpo prisional podem fazer greve, mas a PSP e a GNR não.

Ainda assim, quem estudou a Constituição diz que a medida é possível, desde que haja uma maioria alargada no parlamento a favor.

“É uma opção política que é necessário ter de forma alargada, com 2 terços dos parlamentares. Não é proibido pela Constituição e não é preciso fazer nenhuma revisão constitucional. Claro que é um direito que não se pode exercer de forma ilimitada. Admito essa possibilidade mas desde que haja regime reforçado de serviços mínimos”, explica o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia.

Em contrapartida, a integração destas forças armadas e policiais em partidos obrigaria a uma revisão da Constituição.

“Há aqui no mínimo um conflito de interesses, mesmo de estatuto dos militares seja das forças de segurança, relativamente à sua integração em partidos políticos”, justifica o constitucionalista Pedro Trovão.

Na opinião pública existe a ideia de que os polícias não devem fazer greve, porque iria pôr em causa a segurança coletiva, situação que defende, por exemplo, o comentador da SIC Luís Marques Mendes.

Luís Marques Mendes avisa que pode ser um golpe na confiança do país na polícia.

Medida não deve avançar, “pela segurança do povo”

Durante a apresentação do programa eleitoral esta proposta do Chega passou despercebida, não tendo sido sequer referida por André Ventura.

Por parte de partidos como a Iniciativa Liberal ou do PS não parece haver abertura para aprovar esta medida.

“Têm todo o direito a mostrar insatisfação. Devemos ouvir e ir ao encontro das preocupações, mas forças de segurança devem estar concentradas na segurança do povo português”, afirma Pedro Nuno Santos.

“Eu pergunto se fosse possível as forças polícias decretarem uma greve - eu espero que nunca seja - então os criminosos fazem greve? É uma limitação, mas foi sempre assim em democracia e deve continuar a ser assim”, acrescenta Rui Rocha.

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