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Defesa de Pedro Calado: "Só fica desiludido quem se deixa iludir"

Para Paulo Sá e Cunha, advogado do arguido Pedro Calado, o facto de o requerimento de libertação dos três arguidos não ter sido aceite pelo Tribunal Central de Instrução Criminal não foi uma surpresa.

Daniela Tomé

Paulo Sá e Cunha, advogado do ex-presidente da Câmara do Funchal, não se mostrou surpreendido com a decisão do tribunal, que rejeitou o pedido que as defesas tinham feito “em bloco”, para que fossem libertados os três arguidos desta investigação. O advogado de Pedro Calado falou esta quinta-feira aos jornalistas, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

“Não reajo, A decisão do juiz é a decisão que o senhor juiz entende por bem tomar. Não concordamos com ela”, reiterou Paulo Sá e Cunha sobre a decisão do TCIC.

O advogado de um dos três arguidos desta investigação, feita pela Polícia Judiciária (PJ) a 24 de janeiro e que envolveu cerca de 130 buscas na Madeira, Açores e continente, acrescentou que esta quinta-feira esteve “essencialmente ocupado com o interrogatório” de Pedro Calado.

“Hoje, tive essencialmente ocupado com o interrogatório do meu constituinte. De qualquer modo, aderi a uma iniciativa conjunta, mas quem melhor dela poderá falar são os meus colegas que não tiveram a ocupação que eu tive hoje”, acrescentou.

Para Paulo Sá e Cunha, o facto de o requerimento de libertação dos arguidos não ter sido aceite não foi uma surpresa.

“Como dizia o meu colega, só fica desiludido quem se deixa iludir. Eu também não me deixo iludir”, disse.

Acrescentou ainda que considera que a decisão final deste processo será "histórica".

“Esta decisão vai ser uma decisão histórica. E eu, enfim, quanto a isso, tenho muito orgulho em mais um processo, participar ao poder participar e dar o meu contributo modesto”, concluiu.

Por fim, questionado se o requerimento apresentado conjuntamente pelas três defesas poderá ter atrasado a apresentação das medidas de coação, a defesa de Pedro Calado esclareceu que não acredita nessa tese.

"Os advogados defendem os direitos fundamentais e a liberdade das pessoas e devem defender intransigentemente estes valores. Portanto, quando entendemos que estes valores estão a ser postos em causa, fazemos o que achamos que devemos fazer", afirmou.

A investigação de Pedro Calado

Pedro Calado foi o terceiro suspeito a ser ouvido no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, depois dos empresários Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, e Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA.

O interrogatório ao ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado, no âmbito do processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, teve início esta terça-feira, às 10:30, segundo fonte judicial.

À chegada ao TCIC, no Campus de Justiça, em Lisboa, Paulo Sá e Cunha disse que o interrogatório ao seu cliente iria "finalmente" começar, depois de 14 dias de detenção, prevendo que acabe ainda durante o dia de hoje ou na quarta-feira de manhã.

Buscas foram realizadas a 24 de janeiro

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência das buscas, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado (PSD), que renunciou ao mandato, Avelino Farinha e Custódio Correia.

A operação também atingiu o ex-presidente do Governo Regional da Madeira Miguel Albuquerque (PSD), que foi constituído arguido e renunciou ao cargo, o que foi formalmente aceite pelo representante da República na segunda-feira e publicado em Diário da República no mesmo dia.

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