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Agricultores em protesto: anúncio de cortes nos apoios "foi a gota de água"

"Isto é absolutamente impensável. Como é que um Governo de um dia para o outro anuncia aos agricultores que vai cortar 35% nalguns apoios e 25% noutros?", questiona o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura.

SIC Notícias

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) acusa o Ministério da Agricultura de estar a ludibriar os agricultores e a usar outros apoios já anunciados para responder às exigências do setor. Em entrevista na SIC Notícias, o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, não está surpreendido com os protestos desta quinta-feira e explica as negociações que têm sido realizadas com o Governo e deixa um apelo: "Não me apresentem outros números que no fundo não são mais do que a repetição de anúncios que tinham sido feitos".

“Não estou nada surpreendido e uma vez mais manifesto toda a minha solidariedade com os agricultores que se estão a manifestar”, começa por referir Álvaro Mendonça e Moura em relação aos protesto que partiu do Movimento Civil de Agricultores.

Álvaro Mendonça e Moura explica que “a gota de água que fez transbordar o copo foi o anúncio dos cortes nos apoios."

“Isto é absolutamente impensável. Como é que um Governo de um dia para o outro anuncia aos agricultores que vai cortar 35% nalguns apoios e 25% noutros? As pessoas fazem planos, o agricultor, como qualquer pessoa, faz o seu plano financeiro, decide quais são as culturas que quer cultivar nesse ano, em função do rendimento esperado dos apoios com que conta, muitos dos agricultores são obrigados a pedir empréstimos aos bancos para poderem fazer essas culturas contando com determinados apoios. E, de repente, o Governo decide apresentar estes estes cortes”.

"Não me venham com outros números" que são "a repetição de anúncios anteriores"

O presidente da CAP explica o processo de negociações entre a Confederação e o Governo, logo após o anúncio dos cortes para o setor e critica a posição do Executivo que, esta quarta-feira, anunciou um pacote de apoio ao rendimento dos agricultores no valor de quase 500 milhões de euros.

“Raramente tenho visto uma história pior contada do que aquela que o Governo contou ontem. O que aconteceu foi que a partir do anúncio que o Governo fez dos cortes, a CAP se empenhou imediatamente numa negociação com o Governo diretamente com o primeiro-ministro e depois também com a Ministra da Agricultura”.

“Nós conseguimos reverter esses cortes, ou seja, o acordo que a CAP firmou com o Governo é a reposição integral das verbas que deviam ser pagas aos agricultores e isso são 62 milhões de euros e não me venham com outros números, são 62 milhões de euros. Foi isso que a CAP negociou com o Governo, quer dizer, não há cortes, nem os 35%, nem os de 25%”, sublinha Álvaro Mendonça e Moura.

“Por favor, eu faço aqui um apelo, não me apresentem outros números que no fundo não são mais do que a repetição de anúncios que tinham sido feitos anteriormente, já o ano passado, os agricultores não se deixam enganar por isso”, garante o presidente da CAP.

Debate com partidos a 7 de fevereiro

Em entrevista na SIC Notícias, Álvaro Mendonça e Moura deixou ainda a informação de que a CAP organizou um debate a 7 de fevereiro com os vários partidos para conhecer em detalhe as propostas que apresentam para o setor.

“Espero que desta vez os partidos dêem efetivamente um lugar de destaque à agricultura nos seus programas eleitorais (…) Já há uma diferença em relação ao que se passava há 4 anos. Há partidos que efetivamente apresentam hoje a agricultura com mais relevo do que anteriormente, mas nós, CAP, queremos ouvi-los no dia 7”, refere o presidente da Confederação.

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