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Operação Marquês: juízes dizem que os 34 milhões são de Sócrates

A Relação de Lisboa não tem dúvidas de que os 34 milhões de euros encontrados nas contas de Carlos Santos Silva, na Suíça, pertencem na verdade a José Sócrates.

Pedro Freitas

Uma reviravolta com quase 700 páginas e poucas dúvidas em relação ao dono do dinheiro. "O caminho do dinheiro leva-nos ao arguido José Sócrates", lê-se no acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa. Caminho esse, que dizem as três desembargadoras da Relação, não foi seguido pelo colega Ivo Rosa, ignorando assim os "indícios fortíssimos" sobre o antigo primeiro-ministro

Depois de um ano em regime de exclusividade para decidir o recurso, as magistradas que assinam o acórdão não têm dúvidas sobre os valores encontrados nas contas de Santos Silva, na Suíça.

"Temos como certo que o valor de 34 milhões de euros pertencia ao arguido Sócrates. Ninguém gasta milhões que não lhe pertençam", lê-se.

Esmagado em toda a linha há quase três anos nesta decisão de Ivo Rosa, o procurador Rosário Teixeira volta agora a sorrir. A Relação de Lisboa repôs 118 dos 189 crimes da acusação e não faltaram raspanetes ao juiz Ivo Rosa que tinha implodido todos os crimes de corrupção.

"Confessamos que estas ilações do Sr. Juiz denotam uma certa ‘candura/ingenuidade' na apreciação dos indícios, pois é desde logo evidente que, tratando-se de atos ilícitos, os mesmos não vêm escritos em documentos", lê-se.

Só entre 2011 e 2014, pode ler-se no acórdão, terão chegado a José Sócrates oito milhões de euros. Mais de um milhão em envelopes.

Sócrates está agora pronunciado por 22 crimes, três são de corrupção.

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