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Empresários portugueses querem comprar jornais e revistas da Global Media, menos DN

Os investidores fazem parte de um consórcio sediado em Ponte de Lima, que se dedica à distribuição de produtos alimentares. Na proposta os empresários, também, não inclui a TSF, mas dizem estar dispostos a encontrar uma solução para a rádio.

Filipa Traqueia

SIC Notícias

Lusa

Um grupo de investidores e empresários de Portugal mostrou-se interessado em comprar jornais e revistas do Global Media Group (GMG), nomeadamente o Jornal de Notícias (JN) e O Jogo, que enfrentam uma ameaça de despedimento coletivo, avançou a RTP.

"Somos um grupo de investidores e empresários de várias geografias de Portugal, com especial predominância para o Norte do país, que temos observado com preocupação os recentes acontecimentos que colocam em causa a estabilidade do GMG, a reputação das suas marcas e o emprego dos seus profissionais", lê-se na proposta de intenção de compra dirigida aos acionistas do GMG e a que a Lusa teve acesso.

No documento, assinado por um responsável da empresa OfficeTotal Food Brands, de Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, em representação do novo consórcio para a solução do GMG, este grupo de empresários refere que para contribuir para o futuro e viabilidade financeira das marcas do GMG está disposto a adquirir o JN, O Jogo, JN História, Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct.

Este consórcio mostra-se ainda disponível para "ser solução para a rádio TSF", cujo valor informativo e relevância editorial entende ser único no panorama nacional.

Segundo a RTP, os empresários mostram-se disponíveis para ficar com quase todos os títulos, deixando de fora o Diário de Notícias.

A 06 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva do GMG, que detém títulos como o JN, O Jogo, Diário de Notícias, TSF, entre outros, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

Na quarta-feira, os trabalhadores do GMG cumpriram um dia de greve contra a intenção de despedimento e os salários em atraso.

A compra destes títulos tem como pressupostos a criação de uma nova sociedade - para onde seriam transferidas as marcas e os seus profissionais - e a cedência de parte do capital a uma cooperativa de jornalistas e demais trabalhadores, salienta a proposta.

Esta solução implica ainda a transferência de todos os profissionais editoriais destas marcas e de um grupo destes que se comprove que estão mais de 50% do seu tempo afetos a essas, sendo a seleção feita em conjunto com as equipas da GMG, adianta.

Este grupo de empresários e investidores garante que na transferência dos contratos será assegurada a antiguidade e direitos dos trabalhadores.

"Estimamos que este movimento poderá corresponder a um universo entre 200 a 250 profissionais", vinca.

Esta solução pressupõe que a nova sociedade seja detida em maioria ou na totalidade pelos proponentes investidores, num modelo a acordar entre as partes, adianta.

Esta nova sociedade será gerida no dia a dia por uma pequena equipa executiva focada nas funções financeira, jurídica, tecnológica, recursos humanos e comercial, ressalva.

"Independentemente das estruturas de cada marca propormos desenhar em conjunto um modelo de `governance´ que mantenha e reforce as atividades de promoção comercial de todas as marcas do grupo, bem como a partilha de conteúdos", frisa.

Na sexta-feira, a Comissão Executiva da Global Media disse aos trabalhadores que uma solução de "curto e médio prazo só poderá resultar" de sinergias e soluções financeiras encontradas em conjunto pelos representantes do fundo e do grupo Bel.

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